O presidente do Banco da França e dirigente do Banco Central Europeu (BCE), François Villeroy de Galhau, defendeu nesta quarta-feira, 10, que os governos da zona do euro devem trabalhar para reduzir a dívida pública, à medida que o esperado aperto monetário na região aumenta os custos fiscais.

Em discurso durante a Conferência do Conselho Superior de Finanças Públicas, Villeroy de Galhau ressaltou que “não há dúvida” de que o BCE agirá para assegurar o mandato de estabilidade de preços, em um momento de escalada inflacionária. “Portanto, é ainda mais importante que as autoridades orçamentais garantam a sustentabilidade da dívida no contexto de taxas de juros crescentes”, argumentou.

O dirigente lembrou que, durante a pandemia, as autoridades fiscais utilizaram o “arsenal orçamentário” para mitigar os efeitos econômicos da crise sanitária. No entanto, segundo ele, o quadro de gastos insustentáveis já vinha de antes da covid-19, com o surgimento de uma mentalidade de que a dívida pública é ilimitada e sem custos. “Essa dupla ilusão, tão sedutora, é hoje nosso maior perigo”, comentou.

Villeroy de Galhau instou os países europeus a acelerarem a implementação de reformas nas normas conjuntas de endividamento. “Estas regras devem ser revistas, simplificadas, para serem melhor respeitadas e mais credíveis”, pontuou.

No caso da França, o banqueiro central opinou que o governo deveria reduzir o limite para o aumento dos gastos públicos por ano a 0,5%, o que ajudaria a diminuir a relação dívida e Produto Interno Bruto (PIB) a em 15 pontos porcentuais nos próximos 10 anos.