A presidente do Banco Central Europeu (BCE) e líderes de vários países da União Europeia (UE) expressaram, nesta sexta-feira (24), sua confiança no setor bancário do bloco, na tentativa de acalmar os mercados em um dia de quedas.

A ação do banco alemão Deutsche Bank despencou mais de 13% durante a sessão, devido ao aumento do custo dos seguros contra o risco de default (CDS) de vários bancos europeus. O Commerzbank chegou a recuar 10% durante as operações.

Bancos britânicos e franceses, ao mesmo tempo, perderam durante a sessão entre 6% e 8%.

Em um discurso para os líderes europeus reunidos em uma cúpula em Bruxelas, a presidente do BCE, Christine Lagarde, assegurou que o setor bancário é “resiliente”, de acordo com um funcionário da UE.

“O setor bancário da zona do euro é resiliente porque tem posições fortes em termos de capital e liquidez”, afirmou Lagarde, segundo essa fonte.

Lagarde reiterou que o BCE está “totalmente preparado para fornecer liquidez ao sistema financeiro da zona do euro, se necessário”.

A solidez do setor bancário europeu, acrescentou, é consequência de ter “aplicado as reformas regulatórias acordadas internacionalmente após a crise financeira global” de 2008.

Por sua vez, o chefe do governo da Alemanha, Olaf Scholz, garantiu que não havia motivo para preocupação com a solidez do Deutsche Bank.

“O Deutsche Bank modernizou e organizou sua forma de trabalhar. É um banco muito rentável. Não há razão para se preocupar”, disse Scholz no final da cúpula que, em seu segundo dia, incluiu uma discussão sobre a situação do setor bancário.

Scholz destacou que agora ficam claras as vantagens de “ter tido regras estritas e regulamentação por vários anos. O sistema bancário é estável na Europa”.

– “Absoluta clareza” –

Por sua vez, o presidente da França, Emmanuel Macron, apontou que “os fundamentos dos bancos europeus são sólidos. A zona do euro é a região onde os bancos são mais fortes”.

Para o primeiro-ministro dos Países Baixos, Mark Rutte, “os fundamentos essenciais da rede bancária e a supervisão no bloco nos dão absoluta clareza de que os bancos europeus são muito seguros”.

Rutte ressaltou “o papel do Banco Central Europeu e dos demais envolvidos em garantir que o setor bancário esteja bem controlado”.

“Agora vemos como é importante que tenhamos tomado tantas medidas”, declarou.

O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, destacou que a ação coordenada dos países do bloco permitiu “fortalecer a resiliência do sistema bancário europeu”.

Os líderes da UE iniciaram na quinta-feira uma cúpula de dois dias em Bruxelas, reunião que nesta sexta-feira se concentrou em fazer uma revisão da situação do sistema bancário e financeiro global e eventuais riscos no bloco.

O colapso do banco americano Silicon Valley Bank (SVB), no início de março, acendeu luzes de alerta em todo o mundo, embora o comissário europeu de Economia, Paolo Gentiloni, tenha indicado que não havia “risco significativo” de contágio na UE.

“Nesses momentos, não vemos como um risco significativo (…), não creio que haja um risco real de contágio no momento na Europa”, disse Gentiloni há uma semana.