Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa

FRANKFURT (Reuters) – O Banco Central Europeu pode adotar uma postura de política monetária por um período de tempo relativamente curto na reunião deste mês dadas as incertezas, mas não pode adiar uma decisão, já que os mercados precisam de direção, disse a presidente do BCE, Christine Lagarde, à Reuters nesta sexta-feira.

Autoridades conservadoras pediram ao BCE que evite se comprometer a longo prazo no encontro de 16 de dezembro dadas recentes leituras altas de inflação e o ressurgimento da pandemia de coronavírus, incluindo a variante Ômicron.

Alguns até mesmo discutiram a possibilidade de adiar uma decisão para o início de 2022, esperando que um adiamento traga mais clareza sobre o crescimento e a inflação –uma opção que Lagarde firmemente descartou nesta sexta-feira.

“Existem maneiras de dar clareza sem se comprometer a longo prazo, e eu erraria pelo lado de não fazer um compromisso de longo prazo porque existe incerteza demais”, disse Lagarde em entrevista à conferência Reuters Next.

“Mas, igualmente, precisamos indicar muito claramente que estamos prontos (para agir), em ambas as direções.”

Uma vez que as condições para uma alta de juros forem atendidas, disse ela, o BCE “não hesitará em agir”.

Lagarde minimizou as preocupações sobre a variante Ômicron, argumentando que a Europa se adaptou bem à vida com a pandemia.

“Devemos estar alertas, mas acho que também devemos ter confiança com o fato de que aprendemos a viver com variantes anteriores”, disse ela. “Outra onda, como estamos vivendo na zona do euro…é algo que incluímos em cenário adverso (de nossas projeções)”.

A reunião de dezembro será a mais crucial deste ano. O banco central da zona do euro já disse que vai encerrar seu esquema de estímulo emergencial de 1,85 trilhão de euros em março e “recalibrar” outras ferramentas para compensar o fim das medidas de apoio da pandemia.

Lagarde não discutiu opções para a reunião, mas disse que continua com a visão de que o Programa de Compras Emergenciais da Pandemia, principal ferramenta do BCE nos últimos dois anos, deve acabar, e que os juros não devem subir no próximo ano.

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(Reportagem de Balazs Koranyi e Francesco Canepa)

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