A Supervisão Bancária do Banco Central Europeu (BCE) identificou a exposição de bancos para o setor imobiliário comercial (CRE, na sigla em inglês) e residencial (RRE, na sigla em inglês) como uma das vulnerabilidades principais em uma avaliação de risco do órgão para os anos entre 2022 e 2024, publicada nesta sexta-feira, 18.

Em relação ao setor imobiliário comercial, a exposição de bancos é “substancial”, afirma o BCE. Cerca de 8% de todos os empréstimos dos bancos supervisionados e 20% de seus empréstimos corporativos estão ligados ao setor. Em valores absolutos, a exposição é “particularmente alta” na Alemanha, França e Itália, aponta o BCE. Enquanto em outros países, ela é relativamente mais robusta, com 40% do total de empréstimos corporativos ligados a imóveis comerciais na Estônia, Eslovênia e Chipre.

Os supervisores do BCE consideraram o setor imobiliário comercial europeu como vulnerável, dada uma série de preocupações. A pandemia atingiu o CRE durante seu pico de um ciclo. “No início da pandemia, as avaliações baseadas no mercado financeiro, como os índices de confiança de investimento imobiliário, caíram acentuadamente e a atividade de transações nos mercados de CRE caiu para a metade de seus níveis normais, sugerindo que os riscos estavam começando a se materializar no mercado”, observam.

Com maior número de pessoas trabalhando em casa e comprando online, mudanças estruturais podem acontecer no mercado. Um aluguel mais baixo, como é esperado no médio prazo, pode enfraquecer a posição financeira de mutuários e provocar maiores perdas de créditos para bancos.

Os gargalos de oferta prolongados também foram destacados pelo BCE, dados os consequentes aumentos de custos para a produção. Bancos com uma carteira mais exposta a propriedades em desenvolvimento estarão, portanto, sob maior risco, avaliam os supervisores. O setor imobiliário comercial também é “altamente exposto” aos riscos da transição climática, dados os níveis elevados de consumo de energia e emissão de gases de efeito estufa.

O setor imobiliário residencial também está sendo estudado, uma vez que dados confirmam a maior demanda por empréstimos relacionados. “O risco crescente de correções de preços nos mercados imobiliários residenciais da zona do euro e o aumento observado do endividamento das famílias são motivo de preocupação para os supervisores”, diz o BCE.

Em um esforço para investigar como os bancos podem lidar com tais mercados, a Supervisão Bancária informou estar fazendo uma revisão de uma amostra de bancos com maior exposição ao setor de imóveis comerciais. Em relação aos residenciais, o órgão incluirá uma revisão de bancos com esse tipo de investimento na carteira. “Os supervisores examinarão minuciosamente as avaliações de solvência dos bancos e os padrões de empréstimos para hipotecas residenciais recém-criadas e pedirão aos bancos que resolvam quaisquer deficiências”, afirmou, em nota.