O Banco Central divulgou nesta quinta-feira, 26, no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em dois cenários híbridos – que combinam hipóteses dos cenários de referência e de mercado. Os porcentuais projetados já levam em conta impactos da pandemia do novo coronavírus na economia.

No primeiro cenário híbrido – que considera a taxa de câmbio constante em R$ 4,75 e a evolução da Selic (a taxa básica de juros) conforme as projeções do boletim Focus -, a projeção de inflação para 2020 está em 3,0%. No caso de 2021, está em 3,6%.

Estes são os mesmos porcentuais publicados no comunicado e na ata do último encontro do Copom. No caso de 2022, a projeção seguiu em 3,5%.

No segundo cenário híbrido – que considera a taxa de câmbio do Focus e a Selic estável -, a projeção de inflação para 2020 passou de 3,4% para 2,6%.

Para 2021, foi de 3,4% para 3,2% e, para 2022, passou de 3,8% para 3,6%. Os porcentuais anteriores constaram no RTI de dezembro.

Influências

O Banco Central voltou a registrar no RTI que as projeções de curto prazo “foram influenciadas significativamente pelos movimentos recentes nas cotações de commodities, em particular pelas expressivas retrações dos preços internacionais de petróleo, que repercutem rapidamente sobre os preços domésticos de combustíveis”.

A avaliação retoma uma ideia contida na ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na segunda-feira.

De acordo com o BC, “no cenário externo, a pandemia causada pelo novo coronavírus está provocando uma desaceleração significativa do crescimento global, queda nos preços das commodities e aumento da volatilidade nos preços de ativos financeiros”. “Nesse contexto, apesar da provisão adicional de estímulo monetário pelas principais economias, o ambiente para as economias emergentes tornou-se desafiador.”

Endividamento

O Relatório Trimestral de Inflação traz um boxe que mostra evidências de relativa substituição, por um grupo considerável de empresas, do endividamento externo pelo interno.

O boxe cita a redução das operações bancárias para pessoas jurídicas nos últimos anos, decorrente principalmente da retração dos saldos de empréstimos com o BNDES. Nesse ambiente, a autoridade monetária aponta que o mercado de capitais e o setor externo ganharam relevância no financiamento das empresas no período.

“No entanto, o endividamento externo, que vinha apresentando expansão desde 2015, mostrou sinais de arrefecimento em 2019”, completa o documento.

O boxe traz dados sobre a dinâmica do endividamento externo de três grupos diferentes de empresas: as que realizaram apenas operações intercompanhia, as que realizaram apenas outras operações externas, e as que realizaram ambos os tipos de operações.

O estudo constata que, de fato, as empresas que realizaram apenas operações intercompanhia mantiveram sua dívida interna praticamente estável.

“Já as empresas que fizeram apenas demais operações no exterior aumentaram sua dívida interna em valor superior ao da dívida externa. Nesse grupo, há evidências de relativa substituição do endividamento externo pelo interno, movimento que não parece ser restrito a poucas companhias”, conclui o BC.