BRASÍLIA (Reuters) – O Banco Central prevê a implementação de um bureau de crédito rural sustentável até junho do ano que vem, prazo mais curto que o divulgado anteriormente, conforme apontamentos da diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos​ da autarquia, Fernanda Guardado, divulgados por ocasião da sua participação na COP26.

Segundo os apontamentos, que foram divulgados pela assessoria de imprensa do BC, a criação do bureau verde é considerada uma das principais ações em progresso no âmbito da agenda de sustentabilidade da autarquia.

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Considerada sensível para o setor agropecuário, a criação do bureau verde havia sido indicada pela diretora para dezembro de 2022, em evento público ocorrido há menos de 15 dias.

Guardado participa do “Finance Day Presidency Event: A Financial System for Net Zero” da COP26, em Glasgow, no Reino Unido, no lugar do presidente do BC, Roberto Campos Neto, que não viajou para o compromisso após ter se machucado durante a prática de esportes.

“A medida (bureau verde) busca definir critérios de sustentabilidade aplicáveis às concessões de crédito rural, o que permitirá caracterizar as operações de crédito rural com adicionalidades sociais, ambientais e climáticas”, traz o documento.

“O bureau verde será uma ferramenta de gestão de risco por parte das instituições financeiras, melhorando a precificação de ativos e o acesso a novas fontes de recursos, sob um arcabouço de open finance”, complementou.

Guardado também sinalizou, de acordo com os apontamentos, que o BC vai exigir primeiro informações qualitativas das instituições financeiras sobre riscos ESG, referentes a aspectos ambientais, sociais e de governança, mas num segundo momento ampliará esse escopo para informações quantitativas.

Isso porque o BC entende que o desenvolvimento de uma agenda de sustentabilidade requer tempo e, por isso, precisa de um cronograma gradual para uma implementação viável.

Em setembro, o BC anunciou novas regras que obrigam os bancos a incorporar riscos relacionados a mudanças climáticas, como secas, inundações e incêndios, a seus testes de estresse a partir de julho de 2022.

A autarquia também tornou obrigatório às instituições financeiras divulgar informações relacionadas ao clima como parte de seus relatórios financeiros, o que está em linha com recomendações da força tarefa do Conselho de Estabilidade Financeira do G20 que trata do tema (TCFD na sigla em inglês).

 

(Por Marcela Ayres)

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