O Banco do Brasil espera que seu lucro líquido ajustado neste ano fique entre R$ 11,5 bilhões e R$ 14 bilhões. O resultado representará aumento de 3,6% se ficar no piso do guidance e de mais de 26% considerando o ponto mais alto.

O BB ressalta, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras, que vai manter o atual modelo de negócios e não considerar alienações de empresas ou negócios do conglomerado em seu guidance de 2018. Reafirma ainda que seguirá priorizando negócios com melhores rendimentos, adequando a rentabilidade a patamares sustentáveis e agregando valor ao acionista.

“O banco não considera novas aquisições e/ou parcerias estratégicas que possam ser firmadas para exploração de segmentos específicos”, acrescenta o BB.

As projeções de desempenho para 2018 foram divulgadas após o BB alcançar o centro do seu guidance do ano passado. Em 2017, o lucro líquido do banco totalizou R$ 11,1 bilhões, 54,2% maior na comparação com o exercício anterior. O intervalo estimado pela instituição ia de R$ 9,5 bilhões e R$ 12,5 bilhões.

Para o crédito, o BB espera que sua carteira ampliada volte a crescer. O banco projeta alta de 1% a 4% neste ano. Em 2017, esperava retração de 4% a 1%, sendo que sua carteira encolheu 3,2%.

O aumento do saldo dos empréstimos neste ano deve ser puxado pela pessoa física e o agronegócio. O BB espera que sua carteira de crédito de indivíduos cresça entre 4% e 7%. No ano passado, o banco superou sua meta ao entregar elevação de 2,7% contra intervalo de alta de 2% a 5%. Já o segmento de agronegócio deve ter expansão de 4% a 7% neste ano contra faixa para 2017 que indicava aumento de 6% a 9%. O crescimento deste segmento ficou em 6,1% no ano passado.

Na contramão, o crédito à pessoa jurídica pode ter mais uma queda anual. O BB espera que essa carteira caia até 3% e, na melhor das hipóteses, fique no zero a zero. A queda, porém, se realizada, será menor do que em 2017, quando o banco esperava recuo de 11% a 8% e os empréstimos foram reduzidos em 10,6%.

Em relação à margem financeira bruta sem recuperação de operações em perdas, a instituição espera que o indicador fique estável e, na pior das hipóteses, recue até 5%. No ano passado, a projeção era de recuo de 4% a estabilidade e houve queda de 3,8%.

As despesas de provisões para devedores duvidosos (PCLD) líquidas de recuperação de operações em perdas do banco devem somar de R$ 19 bilhões a R$ 16 bilhões neste ano. Em 2017, a faixa estimada ia de R$ 23,5 bilhões a R$ 20,5 bilhões, sendo que esses gastos foram de R$ 20,1 bilhões, no piso do guidance.

Para as rendas de tarifas, o BB espera avanço de 4% a 7% neste ano. Em 2017, a instituição projetava elevação de 6% a 9% e o resultado ficou no teto do intervalo previsto. Do lado das despesas administrativas, o banco projeta alta de 1% a 4% em 2018. No ano passado, o BB superou seu guidance ao reduzir esses gastos em 3,1% contra intervalo de queda que ia de 2,5% a alta de 0,5%.

Meta para capital principal

O Banco do Brasil anunciou uma nova meta para seu índice de capital principal, ou seja, dos sócios. A instituição espera que o indicador seja de, no mínimo, 11% em janeiro de 2022.

“O Banco permanece acima dos níveis mínimos exigidos pela regulação e dá sequência à sua estratégia de reforçar a base de capital elegível para Basileia III, com meta de capital principal de pelo menos 11%, a partir de janeiro de 2022”, destaca o BB, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras.

A instituição encerrou dezembro com índice de Basileia em 19,6%, ante 19,1% em setembro. O indicador mede quanto um banco pode emprestar sem comprometer o seu capital. Em dezembro de 2016, estava em 18,5%.

O índice de capital nível I chegou a 13,8%, sendo 10,5% de capital principal e R$ 135,5 bilhões de patrimônio de referência. “O foco está na geração orgânica de capital e crescimento do crédito em linhas mais atrativas sob o critério retorno versus risco e em participações estratégicas no core business do Banco”, ressalta o BB.

A instituição reafirmou ainda, em relatório, o objetivo de manter o principal acima de 9,5% em 2019, quando as regras de Basileia III estarão integralmente implementadas no Brasil.

Inadimplência

O índice de inadimplência do Banco do Brasil, que considera atrasos acima de 90 dias, foi a 3,74% ao final de dezembro, melhora de 0,2 ponto porcentual em relação ao terceiro trimestre, de 3,94%. Trata-se do segundo trimestre consecutivo de redução dos calotes. Em um ano, porém, ainda apresenta elevação uma vez que o indicador estava em 3,29%.

Sem casos específicos, a inadimplência acima de 90 dias do banco teria sido de 3,32% ao final de dezembro contra 3,52% em setembro.

A melhora contínua dos calotes do BB foi possível tanto pelo desempenho da pessoa física como da pessoa jurídica. O indicador de calotes dos indivíduos foi a 3,36% no quarto trimestre contra 3,49% no terceiro. Já o de pessoa jurídica ficou em 6,27% ante 6,70%, respectivamente.

No segmento de agronegócio, houve leve alta, com a inadimplência 90 dias passando para 1,67% ao final de dezembro contra 1,61% em setembro.

O indicador de calotes de curto prazo, com atrasos acima de 15 dias, também seguiu melhorando. Foi a 5,59% no quarto trimestre contra 6,00% em setembro.

Provisões

As despesas com provisões para devedores duvidosos (PCLD) do Banco do Brasil, um dos motores para o lucro do trimestre, foram a R$ 5,637 bilhões no quarto trimestre, queda de 24,7% ante um ano, quando estavam em R$ 7,486 bilhões. Em relação aos três meses anteriores, de R$ 6,257 bilhões, houve recuo de 9,9%.

No ano de 2017, o BB gastou R$ 25,265 bilhões com calotes, cifra 19,9% menor que as despesas do exercício anterior, de R$ 31,552 bilhões.

Diante de tal desempenho, o saldo de provisões do banco totalizou R$ 25,265 bilhões ao final de dezembro, redução de 6,8% ante setembro, de R$ 27,114 bilhões. Em um ano, quando estava em R$ 31,552 bilhões, a queda chegou a 19,9%.