Um tribunal em São Francisco condenou a Bayer a pagar indenização de mais de US$ 80 milhões a um residente da Califórnia, Edwin Hardeman, que teria desenvolvido câncer por causa da exposição ao herbicida Roundup. O júri considerou que a Monsanto, agora controlada pela Bayer, agiu de forma negligente ao não alertar para os riscos do glifosato, o principal componente do herbicida.

Na primeira fase do julgamento, encerrada na semana passada, os advogados do autor da ação convenceram o júri de que havia ligação entre o glifosato e a doença de seu cliente. Na segunda fase, encerrada nesta quarta-feira, o júri tinha de decidir se a Bayer poderia ser responsabilizada. “A Bayer continua acreditando nesses produtos e vai defendê-los vigorosamente”, disse a companhia após o veredicto, acrescentando que pretende recorrer da decisão e que o resultado desta quarta-feira não tem efeito sobre futuros julgamentos.

Este é o segundo caso envolvendo o Roundup a ir a julgamento. Em agosto do ano passado, a Bayer foi condenada a pagar US$ 289,2 milhões ao ex-jardineiro Dewayne Johnson. Na ocasião, um júri considerou que a exposição prolongada ao glifosato seria a causa do câncer de Johnson. O valor da indenização foi depois reduzido para US$ 78,5 milhões, mas a Bayer recorreu da decisão.

Advogados de Hardeman disseram que o júri enviou uma mensagem à Monsanto de que a companhia precisa mudar a forma como faz negócios. “Uma companhia responsável testaria seu produto. Uma companhia responsável diria aos consumidores que sabia que ele causava câncer”, disse Jennifer Moore, advogada de Hardeman. “E a Monsanto não fez nenhuma dessas coisas.”

O advogado da Monsanto Brian Stekloff respondeu que a companhia estuda o Roundup e seus ingredientes há décadas. “Eles fizeram os testes, eles forneceram os resultados a órgãos reguladores, eles defenderam o que fizeram e agiram de forma responsável com base nas evidências científicas”, disse.

A Bayer disse que enfrenta atualmente 11.200 processos judiciais envolvendo o Roundup. Outros seis julgamentos devem começar neste ano em tribunais federais e estaduais dos EUA. O próximo julgamento deve começar nesta quinta-feira em um tribunal em Oakland, na Califórnia. O caso envolve um casal de idosos, Alva e Alberta Pilliod, que alegam ter desenvolvido linfoma não-Hodgkin após décadas de uso do Roundup. Fonte: Dow Jones Newswires.