Um ano depois dos atentados da Catalunha que deixaram 16 mortos, Barcelona presta homenagem nesta sexta-feira às vítimas, mas sem deixar de lado o conflito político pela questão da independência da região.

Os parentes das vítimas haviam solicitado uma “trégua” durante o dia, mas uma faixa contra a presença do rei da Espanha foi posicionada na fachada de um edifício na Praça da Catalunha, cenário da cerimônia que recordará um ano dos ataques, com a presença das principais autoridades do país.

“O rei da Espanha não é bem-vindo nos países catalães”, afirma a faixa, escrita em inglês, ao lado de um retrato de Felipe VI com a cabeça para baixo.

Felipe VI, que fez um discurso veemente contra os líderes do movimento independentista durante a crise pela tentativa de secessão da Catalunha em outubro do ano passado, foi vaiado durante uma manifestação após os atentados do ano passado.

Para evitar uma associação com o rei, movimentos independentistas convocaram para esta sexta-feira homenagens alternativas às vítimas dos atentados.

“A unidade de toda a sociedade espanhola nos torna fortes contra o terror e barbárie”, escreveu nesta sexta-feira no Twitter o primeiro-ministro do país, Pedro Sánchez.

“Este #17A e sempre, estaremos em Barcelona ao lado das vítimas, solidários com sua dor, unidos na recordação, completou Sánchez.

Em 17 de agosto de 2017, às 16h30 locais, uma van atropelou as pessoas que caminhavam pelas Ramblas, uma via de pedestres muito conhecida de Barcelona, dando início a quatro dias de terror que os investigadores ainda tentam explicar, e os sobreviventes, superar.

Depois de atropelar várias pessoas, o motorista identificado como Yunes Abouyaaqoub, um marroquino de 22 anos, abandonou o veículo e desapareceu em meio à multidão em um mercado.

Depois, roubou outro veículo e matou o homem que o conduzia.

Quando foi abatido pela Polícia depois de quatro dias de fuga, havia matado 15 pessoas de nove nacionalidades diferentes, entre elas um australiano de 7 anos e um espanhol de 3, e ferido mais 100.

Cinco de seus cúmplices o imitaram na madrugada de 18 de agosto, atropelando pedestres na localidade balneária de Cambrils, sul de Barcelona, e depois os atacando com facas.

Uma mulher morreu esfaqueada. Os agressores foram abatidos pela Polícia. Tinham 17, 19 e 24 anos.

Os investigadores reconstruíram os atentados, mas ainda buscam estabelecer se a célula extremista, da qual três membros estão na prisão, tinha efetivamente ligação com o grupo Estado Islâmico (EI), que reivindicou os ataques.

O que foi estabelecido é que Abdelbaki Es Satty, um marroquino de 44 anos que esteve preso por tráfico de drogas, era imã em Ripoll, uma pequena população no sopé dos Pirineus, e doutrinou inúmeros jovens, em sua maioria imigrantes marroquinos de segunda geração.