O presidente Michel Temer hasteou a bandeira verde aos venezuelanos. Nos primeiros 45 dias do ano, 18 mil refugiados pediram asilo em Roraima. O número é maior do que o registrado em 2017, quando 17,8 mil pessoas entraram com o pedido. Em 2016, tinham sido pouco mais de 3,3 mil. Para ajudar o Estado a receber esse fluxo de imigrantes, Temer esteve em Boa Vista e decretou “emergência social”, uma maneira de facilitar o repasse de recursos do governo federal e a atuação das Forças Armadas em ações humanitárias. “O ato demonstrou um compromisso com os direitos humanos”, declarou Paulo Abrão, secretário-executivo da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. A crise na Venezuela trouxe uma nova cara a Boa Vista.

Solidariedade: o presidente Michel Temer ouve a governadora de Roraima, Suely Campos, sobre o aumento do fluxo de venezuelanos (Crédito:Beto Barata/PR)

Estima-se que cerca de 10% da população de 330 mil habitantes da capital seja de venezuelanos. Roraima é o Estado brasileiro mais pobre, com um PIB de apenas R$ 9,03 bilhões, cerca de 0,15% da economia do País. Esse aumento populacional tem esgotado os recursos dos hospitais e inflado as escolas municipais. O número de crianças venezuelanas matriculadas na rede de ensino de Boa Vista, por exemplo, cresceu 1.064% de 2015 a 2017. “As migrações são reflexo de um governo ditatorial e autoritário, que levou a todos os setores da sociedade venezuelana à pobreza”, diz Carlos Patiño, diretor da Provea, uma organização de Direitos Humanos da Venezuela. Segundo um relatório elaborado pelo Observatório da Voz da Diáspora Venezuelana, cerca de dois milhões de cidadãos, de um total de 31,6 milhões, deixou o país nos últimos dezoito anos. Metade desses refugiados fugiu entre 2014 e 2017.