Os principais bancos europeus sofreram uma desaceleração em suas atividades em razão das medidas de confinamento pela pandemia e estão colocando bilhões na reserva para enfrentar possíveis falências e inadimplências.

O gigante bancário britânico-chinês HSBC, já em declínio antes da crise, anunciou nesta segunda-feira uma queda de 77% em seu lucro líquido, a 1,97 bilhão de dólares (quase 1,6 bilhão de euros) no primeiro semestre, e apenas 192 milhões de lucro entre abril e junho.

Para efeito de comparação, o HSBC registrou ganhos de mais de US$ 8,21 bilhões em 2019 no primeiro semestre e de US$ 4,4 bilhões no segundo trimestre.

“Nosso resultado no primeiro semestre foi afetado pela pandemia de COVID-19, queda nas taxas de juros, aumento dos riscos geopolíticos e aumento da volatilidade nos mercados”, afirmou em comunicado o CEO do banco, Noel Quinn.

O francês Societé Générale se juntou às fileiras das instituições europeias no vermelho, registrando uma perda de 1,26 bilhão de euros entre abril e junho, somada à de 326 milhões no primeiro trimestre.

A desaceleração da atividade está ligada a medidas de confinamento, mas também ao “custo do risco”, ou seja, o montante de provisões feitas pelos bancos para resistir às quebras de seus clientes, entre possíveis falências comerciais e dívidas não pagas.

“As consequências da pandemia causarão um aumento acentuado das perdas (…) as PMEs e os empréstimos ao consumidor sem garantia serão os mais afetados”, avalia Alexios Philippides, analista da Moody’s.

Para os britânicos do Lloyds, este semestre também é vermelho, por mais de 4 bilhões de euros.

– Santander muito afetado –

Enquanto isso, o gigante espanhol Santander colocou 7 bilhões de euros na reserva, e boa parte já foi potencialmente perdida.

Solidamente estabelecido no Reino Unido e na América do Sul, o banco alcançou um recorde, com a perda abismal no segundo trimestre de quase 11 bilhões de euros.

Além dessas provisões maciças, o efeito do coronavírus resultou na depreciação dos ativos, como consequência da turbulência que abalou os mercados mundiais, degradando o preço de muitos produtos financeiros.

“Estamos diante de um contexto muito difícil, porque estamos testemunhando quedas muito importantes no crescimento de muitos países. Além disso, os bancos são muito afetados pela evolução do crescimento e do desemprego. A partir do fim do ano e do começo do ano que vem, devemos ver um aumento nas falências individuais e corporativas”, diz Elisabeth Rudman, analista de crédito da DBRS.

Segundo a analista, “a mensagem da crise anterior era tentar resolver os problemas o mais rápido possível. Se um banco mantém grandes volumes de empréstimos por um longo tempo, corre o risco de comprometer sua capacidade de apoiar a recuperação econômica”, acrescentou.