São Paulo, 22/2 – O Banco Pine cortou nesta quarta-feira sua projeção para a safra 2017/18 de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil em 10 milhões de toneladas, de 585 milhões de toneladas estimadas em novembro para 575 milhões de toneladas agora. Caso se confirme, o volume do próximo ciclo, que se inicia oficialmente em abril, será quase 5% menor se comparado ao de 603,8 milhões de toneladas considerado para a temporada vigente, a 2016/17. Em relatório, o analista da instituição, Lucas Brunetti, diz que nova projeção leva em conta a idade avançada dos canaviais, que acarreta menor produtividade. Pelos cálculos do banco, a média de idade das plantações passará de 3,4 anos em 2016/17 para 3,6 anos em 2017/18. Outro fator mencionado foram as baixas temperaturas durante a primavera no ano passado, em especial no “Paraná e em partes de Mato Grosso do Sul e de São Paulo”. Segundo Brunetti, o clima mais frio retardou o desenvolvimento das plantações. Já em relação ao clima global, “as previsões das agências indicam que o efeito meteorológico El Niño retornará no segundo semestre deste ano”, afirmou o analista. O fenômeno, caso ocorra, provocará mais chuvas no Centro-Sul do Brasil, prejudicando a colheita de cana e, consequentemente, a moagem e fabricação de produtos, explica. Conforme o Pine, as usinas e destilarias da região produzirão 35,1 milhões de t de açúcar em 2017/18, ligeiramente abaixo dos 35,3 milhões de t de 2016/17. No caso do etanol, a expectativa é de queda de 6,6%, para 23,8 bilhões de litros, dos quais 11,5 bilhões de litros de anidro e 12,3 bilhões de litros de hidratado. Tal previsão leva em conta um mix de 47,7% da oferta de matéria-prima para açúcar e de 52,3% para etanol, além de uma quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) de 134 kg por tonelada de cana (+0,5%). De acordo com o Pine, também devem ser fabricados 26 milhões de litros de etanol de milho, ante 21 milhões de litros em 2016/17. Apesar dos problemas que podem prejudicar a temporada 2017/18, Brunetti afirma que o principal risco acabou não se concretizando: o La Niña. “Esse efeito meteorológico, que foi bastante alardeado nos últimos meses, é associado a estiagens no Centro-Sul do Brasil. Isso poderia prejudicar a produtividade agrícola de maneira generalizada. No entanto, o La Niña não chegou a ser sentido, e as chuvas foram muito próximas da média histórica”, concluiu.