O Banco Mundial ampliará suas “ferramentas” de ajuda internacional com novos instrumentos, anunciou seu novo presidente, Ajay Banga, nesta quinta-feira (22), em uma cúpula em Paris dedicada a repensar as finanças climáticas.

“Hoje anunciamos uma abordagem global que expande significativamente as ferramentas do Banco Mundial para preparar a resposta às crises”, disse o indo-americano, no cargo desde o início deste mês.

A novidade fundamental, disse ele, será “oferecer uma pausa no pagamento da dívida para que os países possam se concentrar no que importa quando há uma crise e parem de se preocupar com a conta que ainda está por vir”.

Na prática, a instituição, com sede em Washington, planeja integrar esta nova cláusula a seus acordos com os países mais vulneráveis.

A proposta se aproxima muito de uma ideia promovida pela primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, presente na cúpula de Paris. Ela defende essa pausa no pagamento da dívida, em caso de uma catástrofe natural em um país em desenvolvimento, relacionada com o aquecimento global.

Outra medida anunciada pelo chefe da instituição multilateral, em uma mesa-redonda da qual também participou a secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, é oferecer garantias aos países para a realização de projetos de desenvolvimento.

Em um comunicado, o Banco Mundial anunciou ainda a criação de um mecanismo que busca aliviar “as barreiras ao investimento privado nos países emergentes”, de modo a associar esse investimento à luta contra a mudança climática.

Promovida pelos Estados Unidos e apoiada por vários países, a reforma das instituições financeiras internacionais está em negociação desde o final de 2022.

O objetivo é melhorar o seu funcionamento, dando mais poder aos grandes países emergentes; reforçar sua eficácia; e ampliar seus mandatos, integrando claramente a questão do financiamento do combate à mudança climática.

De acordo com o calendário formulado, a reforma deve ficar pronta na próxima reunião anual do FMI e do Banco Mundial, em outubro próximo, em Marrakech.

O Banco Mundial já anunciou que aumentará sua capacidade de financiamento em 50 bilhões de dólares (238 bilhões de reais na cotação de hoje, a R$ 4,76) nos próximos dez anos.

Em outra mesa-redonda da cúpula de Paris, que termina nesta sexta-feira, a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, destacou a necessidade de “uma mudança de mentalidade” no funcionamento dos grandes organismos multilaterais.

“Nossos mandatos são fundamentalmente os mesmos, mas a forma de aplicá-los muda radicalmente”, porque é preciso incluir “a resiliência da sociedade, não só do sistema financeiro”, e “a resiliência do planeta”.

“Aprendemos da pior maneira, com a covid-19 (…) que os países não podem investir no combate à pobreza e em seu desenvolvimento” se, ao mesmo tempo, sofrerem “choques” procedentes da “mudança climática, de pandemias e de conflitos”, afirmou Yellen hoje em Paris.