A  sede do JBS Friboi, maior grupo frigorífico do mundo, possui uma agência bancária – da qual a empresa não é cliente. O Banco JBS foi criado para conceder empréstimos aos produtores de carne e seus fornecedores e visa  garantir a fidelidade dos criadores. 

 

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Fome de capital: a missão de Emerson Loureiro é captar no mercado os recursos para financiar os clientes do JBS Friboi

 

 

“Só financiamos quem se compromete a abater os bois com o JBS”, diz Emerson Loureiro, presidente do banco. Até agora, o negócio vem ganhando musculatura: a carteira de empréstimos atingiu R$ 230 milhões em um ano e meio de atuação. A meta é atingir R$ 450 milhões até 2012. 

 

Esse valor não passa de um bifinho perto dos R$ 64 bilhões que o Banco do Brasil emprestou ao agronegócio, no acumulado até março de 2010. Mas tem um sabor especial no restrito mundo financeiro rural. 

 

Geralmente, as instituições financeiras privadas são ariscas aos riscos elevados da agricultura. No máximo, financiam a produção de grãos com a colheita como garantia. 

 

No caso da pecuária, a participação do sistema financeiro é menor ainda, exceto nas transações com boi gordo no mercado de commodities. É aí que o pequeno Banco JBS quer crescer para enfrentar o BB. No final do dia, é uma guerra de gigantes que está começando. 

 

“Há espaços para serem ocupados no financiamento da cadeia de produção e o JBS tem a vantagem de entender bem o risco do negócio”, diz Keyler Carvalho Rocha, professor da Faculdade de Economia e Administração (FEA-USP). 

 

Pela estreita ligação entre o banco e o frigorífico, o JBS conhece a fundo o ciclo de engorda do boi e a dinâmica de ganhos e perdas do produtor. A tarefa de Loureiro é aproveitar esse conhecimento para manter os pecuaristas leais ao JBS e não à concorrência. 

 

O executivo passou pelo BankBoston e comandou por sete anos a mesa de câmbio do grupo JBS, antes de ser convidado pela família Batista, no início de 2009, para comandar o banco. Sua meta é manter as atividades em forte ritmo de expansão. Por suas contas, a carteira de empréstimos poderá chegar a R$ 1 bilhão nos próximos anos. 

 

Os recursos para isso viriam do mercado, por meio da emissão de títulos de renda fixa específicos do setor, como o Depósito a Prazo com Garantia Especial (DPGE), a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) e o Crédito de Depósito Bancário (CDB). A briga pelo dinheiro verde, que está aquecida, deve ficar ainda mais acirrada com os gigantes em campo.