Após captar US$ 1,2 bilhão com uma oferta de ações (follow on) em julho, o mineiro Banco Inter tem agora capital para mais que dobrar seu número de clientes. Mas com a meta de ocupar um posto de liderança no disruptivo universo dos bancos digitais, o Inter não descarta voltar ao mercado para uma nova rodada de capitalização a partir do final de 2020. Este último movimento com ações, cerca de um ano após estrear em bolsa, resultou na entrada do gigante japonês SoftBank como acionista e membro do conselho de administração do banco.

“Se continuarmos crescendo nesse ritmo, talvez no final do ano que vem teremos de capitalizar o banco de novo”, previu João Vitor Menin, presidente do Banco Inter em entrevista concedida ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado).

Atualmente, o Inter está com 3,3 milhões de correntistas, número esse três vezes maior do que o do terceiro trimestre de 2018. Para Menin, um número de clientes acima de 10 milhões pode exigir uma nova chamada de capital.

A expectativa de manutenção de crescimento de seu número de clientes vem das apostas e investimentos que a instituição tem feito nos últimos anos em tecnologia, somados à estratégia de integrar os serviços bancários ao varejo e também a empresas que queiram desenvolver seu próprio ecossistema de banco.

“Sem dúvida, as parcerias nas quais trabalhamos em nosso Super App, quanto em operações de ?banking as a service?, serão importantes para aumentarmos nossa base de clientes”, observou.

Nesse sentido, a entrada do SoftBank no Inter tem papel relevante. Já se fala, por exemplo, que o mineiro e a Uber Technologies, outra investida do SoftBank, negociam um acordo desse tipo. Menin não comenta o assunto, mas admite que essa ideia faz sentido com qualquer empresa, incluindo as investidas do fundo japonês.

Menin aposta também na experiência do SoftBank para continuamente desenvolver seu Super App, que será oficialmente lançado para a Black Friday, período de grandes descontos promovidos pelo varejo em novembro. O Inter quer entregar aos clientes um novo aplicativo integrando os serviços de marketplace aos financeiros. A parceria com varejistas já está funcionando, mas ainda de modo pouco arrojado, segundo o executivo.

Para criar barulho no lançamento do Super APP, o banco provavelmente ofertará descontos maiores nas compras feitas pelo aplicativo, por meio da devolução de dinheiro aos clientes, o chamado “cashback“. De acordo com Menin, normalmente uma comissão média de 10% nas vendas feitas no marketplace é compartilhada com os clientes no formato de cashback.

Embora ao agregar clientes de parceiros o Inter esteja dividindo a receita gerada pelos mesmos, Menin acredita que não poderia continuar acelerando o banco fora de tal estratégia.

Ao mesmo tempo, prevê uma geração de receita que não existia antes, provocada pela expansão do volume transacionado (Total Payment Volume) dentro do APP, que tem remuneração maior do que quando as transações são feitas com os cartões de crédito e débito fora do fora da plataforma do banco.

De acordo com Menin, a projeção do banco é de que o TPV saia do zero, como está hoje, para entre 20% a 30%. “Hoje, o mundo dos negócios é colaborativo”, lembrou.

Adquirência

O Inter deve também anunciar uma joint venture para o lançamento de seu serviço de adquirência. O nome do novo parceiro deve ser relevado em breve, de acordo com ele. A estratégia é concorrer com adquirentes como PagSeguro que têm feito ofertas mais agressivas de preços para atrair clientes.