Lançado como banco Intermedium em meados dos anos 1990, o Inter, ligado ao grupo controlador da incorporadora MRV, foi, durante muito tempo, uma instituição financeira de pequeno porte que se dedicava a financiamentos imobiliários na região de Belo Horizonte. Em 2016, já sob o comando de João Vitor Menin, o tradicional banco mineiro resolveu ir além do cimento e dos tijolos e experimentar os cliques. Mudou seu nome para Banco Inter e tornou-se um banco digital. Algum tempo depois, ele limou o “banco” de sua logomarca e tornou-se apenas Inter, reposicionando-se como uma plataforma de distribuição de produtos financeiros. Os investidores gostaram da ideia. No início de 2018 o Inter listou suas ações na B3 avaliado em cerca de R$ 2 bilhões. Em março deste ano a capitalização da instituição financeira chegou perto de R$ 40 bilhões, devido às boas perspectivas com relação às empresas digitais.

No entanto, no fim de setembro, a percepção sobre o banco mudou. Notícias publicadas – e rapidamente desmentidas pelo Inter – aventavam a hipótese de os números do terceiro trimestre, que serão divulgados no fim de outubro, trazerem uma elevação das provisões para devedores duvidosos, indicando uma deterioração na qualidade da carteira de crédito. Apesar da negativa do banco, os investidores não gostaram e os papéis desabaram, liderando as perdas na B3 naquela sessão. As cotações se recuperaram mais tarde, e lideraram as valorizações poucos dias depois, quando o Inter anunciou que iria fechar seu capital na B3 e listar suas ações na Nasdaq.

Haja coração. Dois dias depois, na segunda-feira (11), as ações voltaram a desabar com a notícia de que o Banco Central (BC) havia colocado em consulta pública uma mudança na regulamentação para limitar as tarifas de interoperabilidade das empresas de cartões pré-pagos. Em português corrente, isso quer dizer que os bancos vão lucrar menos com as transações de cartões de crédito.

A resultante de tudo isso é que o banco, hoje, está prestes a listar suas ações em um mercado mais receptivo a empresas de crescimento do que o pregão brasileiro. “A Nasdaq tem mais investidores dispostos a assumir os riscos de uma empresa com elevado potencial”, disse o sócio da consultoria Peers, Miguel Vieira. Procurado, o Inter não concedeu entrevista.