O Banco Central do Brasil (BCB) cortou a Selic, sua taxa básica de juros, nesta quarta-feira em 0,25 ponto percentual, para 2%, uma nova baixa histórica. O BCB também não descarta um “pequeno” corte complementar em meio às incertezas impostas pela pandemia de coronavírus.

Esse corte, adotado por unanimidade pelos nove membros do Comitê de Política Monetária do BCB (Copom), é o nono consecutivo desde junho de 2019, quando a taxa Selic era de 6,5%.

Em comunicado o Copom destacou que os indicadores sugerem uma recuperação parcial da economia brasileira, que em 2020 deverá sofrer sua pior contração anual pela paralisação da atividade econômica por causa da pandemia de COVID-19.

Sobre ajustes futuros, o Copom esclareceu que “a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado”, mas que, “devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno”.

O corte nas taxas é uma ferramenta usada para incentivar o crédito, o investimento e o consumo, quando a inflação está sob controle.

Esse ainda é o caso, na medida em que a expectativa do mercado é de um aumento de 1,63% neste ano, bem abaixo do centro da meta de 4% e do seu piso de 2,5%.

Segundo dados divulgados nesta terça-feira, a produção industrial brasileira cresceu 17,9% entre maio e junho, mas ainda registra contração de 13,5% desde março. No primeiro semestre, a contração foi de 10,9% em relação ao mesmo período do ano passado.

Diante desses números, os analistas começaram a reduzir a proporção da crise econômica. O mercado prevê uma contração do PIB de 5,66% em 2020, em comparação aos -6,5% previstos há um mês, segundo a última pesquisa semanal Focus do BCB.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse em julho que via “o início de uma recuperação em ‘V'”, ou seja, uma forte recuperação após a queda acentuada, mas admitiu ignorar se esse processo terá continuidade.