Uma das mais antigas produtoras mundiais de suplementos de nutrição animal e de fertilizantes, a americana H.J.Baker, fundada há 166 anos, com sede em Westport, no Estado de Connecticut, nos EUA, foi uma dos últimos players importantes do setor a desembarcar no Brasil, na segunda metade da década, com a compra de duas empresas locais, a Rumiphos, de Paranaíba, no Mato Grosso do Sul, em 2012, e da Fanton, de Bauru, no interior paulista, onde está instalada sua sede, em 2013. Ao todo, a Baker desembolsou R$ 30 milhões nas aquisições.

Agora, a companhia, que também atua nos ramos de fertilizante e produção de enxofre, tem pressa para recuperar o tempo perdido. Com as bênçãos do CEO Christopher Smith, herdeiro da família fundadora, que percorreu mais de 2 000 quilômetros em viagens de automóvel pelo interior do país, na primeira quinzena de janeiro, em visita a clientes e para conhecer melhor o mercado brasileiro, a subsidiária pretende investir R$ 50 milhões e triplicar para seis o número de fábricas, nos próximos cinco anos. “A ideia é construir unidades menores, mais próximas das regiões consumidoras”, afirma Rodrigo Silva Miguel, country manager da companhia no Brasil, que ciceroneou Smith em sua visita.

Além da construção de uma nova unidade na região de Bauru, os planos da Baker, que atua no mercado brasileiro com a marca AllNova, estão previstas fábricas em Minas Gerais, Mato Grosso e no Sul do País. Nesta última, se dará uma diversificação no mix de produtos, com a fabricação de suplementos para a piscicultura. Com os investimentos, a meta é aumentar a produção das atuais 25 mil toneladas de para 120 mil toneladas até 2022, quando o faturamento anual deverá quadruplicar dos R$ 45 milhões registrados no ano passado para R$ 180 milhões. “Temos o compromisso com a matriz de crescer a uma taxa de 22% ao ano”, diz Miguel.

Segundo Miguel, veterinário formado pela Universidade de São Paulo, a ideia é capturar uma fatia relevante das vendas de suplementos e ração animal, que movimentam R$ 12 bilhões por ano, dominado por gigantes do setor como sua antiga empregadora, a Tortuga, controlada pela americana DSM, a Bellman, da holandesa Nutreco, e pelas nacionais Premix e Matsuda.

O executivo também aposta na expansão desse mercado: atualmente, por exemplo, apenas a metade dos 200 milhões de bovinos que compõem o rebanho nacional, recebem suplementação mineral na sua alimentação. “Há muito a ser feito, sobretudo se quisermos aumentar a produtividade do gado brasileiro, ainda muito dependente da criação a baixo custo propiciada pela alimentação a pasto”, afirma.

Outro objetivo acertado com a direção da companhia, é tornar a subsidiária, a única da Baker na América Latina, num polo exportador de suplementos de nutrição animal. Num primeiro momento, os mercados visados são Paraguai, Uruguai, Argentina e Bolívia.

De acordo com ele, as turbulências da economia e as incertezas políticas, embora sejam fatores de risco, não afetaram a disposição da matriz em bancar o projeto de expansão, que pode incluir, ainda, o crescimento via aquisição de concorrentes. “O mundo precisa comer”, afirma. “E quem está na área de alimentos precisa estar no Brasil.”