As ofertas de ações no pipeline dos bancos de investimento devem sair do papel na próxima janela para emissão de ações, disse o presidente da B3, Gilson Finkelsztain. Segundo o executivo, apesar do cenário político ainda incerto, principalmente por conta das eleições presidenciais em 2018, o Brasil vem se aproveitando da liquidez global e os investidores estrangeiros seguem mostrando apetite nas ofertas de ações na bolsa brasileira.

Este ano no País já ocorreram sete ofertas iniciais, sem contar os follow ons, com o volume alcançando cerca de R$ 24 bilhões, já marcando o melhor número em sete anos. Para a próxima janela, entre setembro e outubro, já estão com registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) Tivit, Camil, Vulcabras e Eneva, mas há a expectativa de mercado de que outras empresas aproveitem o intervalo para captar.

O executivo disse, no entanto, que o mercado aguarda ao menos uma pequena reforma da Previdência, com a aprovação da idade mínima. “Seria uma grande decepção não haver nenhuma reforma. O mercado aceitou agora ter a primeira parte da reforma da Previdência”, disse.

Finkelsztain comentou que o governo tem mostrado fôlego para tocar a agenda econômica, mas que é preciso que a agenda política acompanhe esse movimento. “O governo está fazendo o possível e o impossível para ter estabilidade e isso é muito importante para o mercado de capitais”, disse. Uma iniciativa “fenomenal” por parte do governo, na visão do executivo, foi o anúncio inesperado da privatização da Eletrobras, que deverá ser feito via oferta primária de ações em bolsa com a diluição da participação do governo na companhia.

Sobre eventuais aumentos de impostos, o executivo disse que existe uma percepção comum de que aumento de impostos são nocivos, mas que no curtíssimo prazo o único aumento de impostos previsto, que já foi anunciado, foi a implementação dos come-cotas para os fundos exclusivos fechados e os condomínios fechados. Já o início da tributação para títulos isentos, como as LCIs e LCAs, não está na agenda do curtíssimo prazo. O executivo disse ainda que não ouviu nenhum rumor sobre a tributação do ICMS.

ACS

A negociação com a Americas Clearing System (ACS), que pertence à ATG, que tem planos de abrir uma bolsa de valores no Brasil, para o fornecimento de serviço de clearing e depositária, deverá caminhar para o procedimento de arbitragem, disse Finkelsztain. O executivo disse, no entanto, que a bolsa está completamente aberta para negociar, ainda mais porque existe uma obrigação da empresa nesse sentido.

Finkelsztain frisa ainda que a chegada de uma nova plataforma de trading no Brasil acontecerá quando o mercado crescer o suficiente e que isso não será “algo ruim”.

Na consulta pública, chamada para discutir as regras de acesso, a Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (Ancord) e a ACS foram as únicas a se manifestar sobre as regras de acesso de terceiros nos serviços de clearing e depositária da B3, conforme estabelecido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em aprovação da fusão entre a BM&FBovespa e Cetip.