Demorou muito, mas finalmente saiu. Entre idas e vindas, o IPO da Azul tentou decolar três vezes antes de alçar voo. No entanto, na terça-feira 11, a empresa aérea finalmente conseguiu driblar as turbulências e listar suas ações no pregão da B3. E parecia uma abertura de capital nos velhos tempos da euforia. Com preço de lançamento de R$ 21,00, as ações fecharam no primeiro dia com alta de 6,7% e encerraram na quarta-feira 12 a R$ 22,96, uma alta acumulada de 9,3%. A oferta movimentou R$ 2,02 bilhões, sendo R$ 1,32 bilhão em recursos novos que vão para o caixa.

Enquanto os convidados faziam selfies ao lado das aeromoças presentes ao evento, Antonoaldo Neves, presidente da empresa fundada pelo americano David Neeleman, celebrava o sucesso da venda de ações. “Estamos levantando R$ 2 bilhões nesse IPO, o que mostra não só a força desta companhia como também o interesse dos investidores pelo mercado brasileiro”, disse ele. “Dizem que o IPO é um fim, mas é um meio para a gente acelerar ainda mais nosso plano.” Os recursos, disse Neves, serão usados para rolar dívidas e expandir a frota.

Neves foi cauteloso ao comentar a elevação para 100% do limite de participação estrangeira no capital das empresas aéreas nacionais, antes restrita a 20%. “Precisamos esperar para ver como será a regulamentação”, disse ele. A Azul é uma empresa diretamente interessada nisso. Desde 2015, 5% de seu capital pertence à americana United Airlines. E, durante a preparação para o IPO, boa parte do interesse veio de investidores estrangeiros.

Isso era esperado, avalia Renato Ejnisman, diretor do Bradesco BBI. Segundo ele, setores pouco representados no mercado acionário local têm mais probabilidade de atrair investidores estrangeiros, porque eles conhecem esse setor em seus países de origem. O caso da Azul não será isolado. “Já ocorreram três IPOs neste ano”, diz ele. “Nossa avaliação é que há de 30 a 40 empresas maduras para abrir capital, e devemos ver mais 10 ou 15 processos até dezembro.”