Muito se tem falado sobre eventuais efeitos colaterais da vacina contra a Covid-19 da AstraZeneca/Oxford, cujo insumo estaria sendo usado pela Fiocruz para a produção no Brasil. Há relatos de casos de formação de coágulos em idosos após receberem o imunizante. Contudo, um especialista britânico vem agora ressalvar que essa condição pode estar relacionada com o próprio vírus e não com a dose aplicada.

Stephen Evans, professor da London School of Hygiene & Tropical Medicine considera que o principal problema destes relatos espontâneos de suspeitas de reações adversas a uma vacina é a enorme dificuldade em distinguir um efeito causal de uma coincidência, disse ao jornal Express.

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“Isto é especialmente verdadeiro quando sabemos que a doença de Covid-19 está fortemente associada à coagulação do sangue e houve centenas, senão muitos milhares de mortes causadas por coágulos sanguíneos em resultado do próprio vírus”, destacou. Para Evans era “sensato” investigar esta abordagem, no entanto o especialista ressalva que o equilíbrio entre o risco e o benefício ainda é muito favorável à vacina.

Em comunicado, a AstraZeneca garantiu que a segurança do paciente é a sua “maior prioridade” e que os reguladores têm “padrões de eficácia e segurança claros e rigorosos” para a aprovação de novos medicamentos e vacinas. A segurança da vacina foi extensivamente estudada na fase três dos ensaios clínicos e os dados revistos ​​por pares confirmam que a vacina foi bem tolerada, no geral.

Um coágulo sanguíneo é um aglomerado de sangue que mudou do seu estado líquido normal para um estado semissólido. A coagulação é um processo normal que pode impedir que uma pessoa perca sangue, caso se machuque, contudo, é possível que depois de formado um coágulo, este nem sempre consiga dissolver por conta própria.

Por conta desta situação cerca de 21 países já suspenderam a vacina da AstraZeneca, o mais recente foi a Suécia. Espera-se que nesta quinta-feira a Agência Europeia do Medicamento (EMA), tome uma posição sobre esta questão. Também um grupo de especialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS), reuniu-se para discutir o mesmo assunto.

A OMS procurou minimizar as preocupações de segurança em curso, dizendo que não há ligação entre a injeção e um risco aumentado de desenvolver coágulos sanguíneos. Por sua vez, o regulador de medicamentos da Europa, a EMA, também referiu que não há indicação de que a vacina Oxford-AstraZeneca esteja a causar coágulos sanguíneos, acrescentando que acredita que os benefícios da vacina continuam a superar seus riscos.