Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar acelerou os ganhos frente ao real nesta quinta-feira, com a redução do apetite por risco no exterior ofuscando a decisão do Banco Central do Brasil de elevar os juros básicos em 1,50 ponto percentual pela segunda vez consecutiva e sinalizar aumento na mesma magnitude em sua próxima reunião de política monetária.

Às 12:17 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,57%, a 5,5680 reais na venda, após tocar 5,5780 reais na máxima do dia, alta de 0,75%.

O contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,58%, a 5,5925 reais.

Mais cedo, a moeda norte-americana chegou a apresentar perdas, indo a 5,5181 reais na mínima do dia (-0,33%), mas logo recuperou fôlego com suporte do exterior, onde o dólar tinha força generalizada.

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Seu índice contra uma cesta de rivais fortes avançava 0,32% nesta quinta-feira, nas máximas da sessão, refletindo a permanência de incertezas sobre o impacto econômico da variante Ômicron do coronavírus. Rand sul-africano e peso mexicano, dois importantes pares emergentes do real, caíam 1,8% e 0,5%, respectivamente, nesta manhã.

Além da aversão a risco externa, investidores chamavam a atenção para as perdas recentes do dólar contra o real –após a moeda cair 2,74% nos últimos dois pregões–, que teriam desencadeado um movimento de ajuste na taxa de câmbio.

“Dólar na casa de 5,50 reais chama compradores”, escreveu Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora.

Apesar da valorização do dólar nesta sessão, investidores avaliaram a decisão de quarta-feira do Comitê de Política Monetária do BC –de subir a Selic em 1,50 ponto percentual pela segunda vez consecutiva, a 9,25%– como benéfica para o real.

A decisão veio em linha com a expectativa de consenso do mercado, mas havia alguma incerteza sobre quais seriam as indicações da autarquia sobre seus próximos encontros de definição de juros.

Indícios recentes de desaceleração da atividade econômica brasileira haviam alimentado apostas de que o Bacen indicaria desaceleração do ritmo de aperto monetário, mas a autarquia sinalizou no comunicado manutenção da dose de 1,50 ponto para a próxima reunião do Copom.

Em nota a clientes divulgada na noite de quarta-feira, o Citi disse acreditar que “o real deve continuar a se sair bem” após a decisão de política monetária do BC, apoiado pelo “carry” (retorno obtido por meio de diferencial de juros entre determinado país e outras economias) mais alto.

Marcos Weigt, chefe de tesouraria do Travelex, também citou alívio na frente fiscal doméstica como um fator de suporte para o real no curto prazo, uma vez que a promulgação dos trechos da PEC dos Precatórios em que há consenso entre Câmara e Senado forneceu previsibilidade aos mercados sobre como o governo financiará o programa Auxílio Brasil.

(Edição de José de Castro)

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