A aquisição da Universa, controladora da casa da análise Empiricus pelo BTG Pactual por estimados R$ 2 bilhões é mais um passo do banco presidido por Roberto Saloutti em direção ao mercado de varejo. Desde sua fundação, o então Pactual fazia negócios com muitos zeros. Porém, desde que assumiu uma participação no Banco Pan, em 2010, o BTG experimentou as margens gordas e as receitas estáveis do varejo – e gostou.

Esse foco começou a se delinear há cinco anos, com o lançamento do BTG Pactual Digital, plataforma de distribuição de investimentos. Aos poucos, o banco foi descendo os degraus da pirâmide, e o movimento se acelerou nas últimas semanas. No fim de março foi anunciada a compra da Atom, empresa de material didático para o mercado financeiro. Em abril foi a vez de o BTG anunciar a compra da participação da Caixa Econômica Federal no Pan. E agora vem a operação com a Empiricus.

Claudio Gatti

Conhecida como uma das mais agressivas casas de análise independentes, a empresa fundada por Felipe Aby-Ackel Miranda começou como um grupo de analistas independentes e fez seu nome graças a um marketing agressivo, que rendeu até algumas brigas com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Há dois anos a Empiricus criou uma plataforma de gestão de recursos, a Vítreo, para aproveitar a aderência dos mais de 400 mil assinantes de seus relatórios. Além da Empiricus e da Vítreo, Universa possui diversas plataformas de distribuição de conteúdo e os sites de finanças pessoais Money Times e Seu Dinheiro, em parceria com O Estado de S. Paulo.

CONTEÚDO A aquisição deverá levar o BTG adiante em seu processo de captar recursos por meio de recomendações de investimento e conteúdo jornalístico. No ano passado, o banco adquiriu o controle da revista Exame, concorrente de DINHEIRO, que era publicada pela Editora Abril. Segundo a empresa de análise independente Levante Ideias de Investimentos, a aquisição deve ser positiva para as ações do BTG. Somadas, todas elas devem elevar para 20 milhões por mês o número de consumidores de conteúdo, o que fortalece a atuação do banco digital e da corretora. O BTG e a Universa, holding que controla a Empiricus, não comentaram.