O avanço da Amazon no Brasil, com o anúncio do lançamento do serviço Prime, deve forçar as redes varejistas locais, especialmente as maiores listadas na B3, a acelerar seus investimentos nos próximos trimestres. Essa é a conclusão de analistas do mercado financeiro, que mostram otimismo com a retomada da demanda por parte dos consumidores locais.

Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, espera que ocorra uma forte mudança no setor de varejo no próximo ano. “O cenário aponta retomada do consumo local, com a aprovação de reformas e medidas adicionais do governo para reaquecer a economia. Instalado um ambiente de confiança de empresários e consumidores, a retomada de vendas virá e com intensidade”, avalia.

No entanto, ele chama atenção para o novo perfil dos consumidores, mais exigentes e mais digitais, o que força as grandes redes a acelerar os investimentos. “A entrada da Amazon vai acelerar este processo, obrigando as demais a correrem para não perderem fatia de mercado”.

André Ferreira, analista da MyCap, também projeta um cenário positivo para o setor como um todo, com inflação controlada, estimativa de juros em queda e medidas como a liberação de saques em contas ativas do FGTS. Para ele, é exatamente essa perspectiva que impulsiona o interesse de empresas como a Amazon no Brasil.

O analista ressalta o pedido de abertura de capital da rede C&A, que já tem uma posição bem consolidada. “A C&A opera no Brasil desde 1976 com mais de 280 unidades, e acabou de reverter prejuízo no 1° semestre de 2018 para um lucro no mesmo período desse ano, e tende a acirrar ainda mais a concorrência no mercado”. Ele diz que as empresas pequenas terão que juntar forças para fazer frente a essa crescente concorrência.

Quem também aponta os indicadores macroeconômicos favoráveis ao setor de varejo é Alvaro Bandeira, economista-chefe do Modalmais. Ele ressalta que o desemprego está entre a estabilidade e a queda, o que gera maior confiança, e lembra que há um consumo represado por conta do fraco desempenho da economia local nos últimos anos.

No que diz respeito à Amazon, Bandeira acredita que a empresa vai capturar uma fatia de mercado com essa ofensiva, “mas de forma progressiva”. Sobre a C&A, ele também não enxerga maiores mudanças no que diz respeito às ações já listadas. “Se o Brasil fizer minimamente as reformas que precisa haverá muitos recursos migrados para o mercado de capitais”.

Em relação às carteiras recomendadas para a próxima semana, as corretoras realizaram poucas alterações. A MyCap foi a que realizou o maior número de trocas (três), inserindo Bradesco PN, Kroton ON e JBS ON. A JBS entrou também na carteira da Mirae, que inseriu ainda ABC Brasil PN em sua lista de recomendações.

A Guide Investimentos também fez duas mudanças em sua carteira, com as entradas de IRB ON e Cyrela ON. Sobre o IRB, a equipe da Guide acredita que o cenário de juros mais baixos alivia a pressão sobre os resultados financeiros, o que deve levar a um resultado operacional acima de seus pares.

A Planner também fez duas mudanças em sua lista, com as entradas de Odontoprev ON e Telefônica Brasil PN. A Terra Investimentos fez uma mudança, colocando Ambev ON na sua carteira para a próxima semana.

Termômetro

O Termômetro Broadcast Bolsa traz mudanças marginais na percepção do mercado sobre o desempenho do Ibovespa na próxima semana. Entre 21 participantes, para 76,19%, a expectativa é de alta no período, porcentual um pouco maior do que o de 73,91% na pesquisa anterior. Para 14,29%, a perspectiva é de estabilidade, ante 13,04% na semana passada. Os que acreditam em queda representam só 9,52% do total, fatia menor do que a de 13,04% do último Termômetro. O principal índice de ações da B3 fechou a semana com valorização de 0,55%.

O Termômetro Broadcast Bolsa tem por objetivo captar o sentimento de operadores, analistas e gestores para o comportamento do Ibovespa na semana seguinte.

As decisões sobre juros do Federal Reserve e do Comitê de Política Monetária (Copom) na quarta-feira são os destaques da agenda da próxima semana. Nos Estados Unidos, a expectativa é de que o Federal Reserve (banco central americano) cortr em 25 pontos-base a taxa dos fed funds, hoje entre 2,00% e 2,25%. No Brasil, o consenso do mercado é de uma redução de 50 pontos-base na atual Selic de 6%. É a previsão unânime entre as 55 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast. Haverá, ainda, reuniões de política monetária no Japão e no Reino Unido, ambas na quinta.

O mercado também continuará de olho na movimentação do Congresso Nacional em torno das reformas. No caso da Previdência, o cronograma aponta votação do primeiro turno do texto no Senado somente no dia 24 de setembro. Quanto à reforma tributária, as perspectivas estão mais nubladas em meio às diferentes propostas que estão sendo discutidas na Câmara e no Senado, e da espera pelo texto a ser enviado pelo governo.

Por fim, na segunda-feira, na B3, haverá vencimento de opções sobre ações e na quarta-feira, exercício de opções sobre Ibovespa.