As autoridades dos Estados Unidos e da Europa tentam nesta segunda-feira (13) acalmar os temores sobre a saúde do sistema bancário, após a falência do Silicon Valley Bank (SVB), que forçou a tomada de medidas para proteger os depósitos.

No domingo, as autoridades americanas anunciaram medidas para proteger o dinheiro depositado no banco californiano SVB e para tranquilizar clientes individuais e empresas. Hoje, suas homólogas britânicas fizeram o mesmo.

Ontem, as autoridades americanas divulgaram medidas radicais para resgatar, em sua totalidade, o dinheiro dos clientes do falido SVB e prometeram que outras instituições ajudarão a atender as necessidades dos clientes. Ao mesmo tempo, os entes reguladores fecharam um segundo banco do setor de tecnologia.

Em um comunicado conjunto, as agências financeiras e o Departamento do Tesouro americano disseram que os clientes do SVB terão acesso a “todo seu dinheiro” a partir desta segunda-feira, 13 de março. Garantiram, ainda, que os contribuintes americanos não pagarão pelo descalabro.

Ao mesmo tempo, o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano), a Corporação Federal de Seguro de Depósitos (FDIC, na sigla em inglês) e o Departamento do Tesouro disseram que o “reembolso total” será feito aos depositantes do Signature Bank, um credor regional com sede em Nova York com considerável exposição às criptomoedas. A instituição foi fechada no domingo, depois que suas ações despencaram.

E, em um precedente potencialmente importante, o Fed anunciou que disponibilizará fundos adicionais para ajudar os bancos a responderem as necessidades de seus depositantes, incluindo saques.

“O sistema bancário americano continua sendo resiliente e contando com uma base sólida”, devido, em grande parte, às reformas feitas após a crise financeira de 2008, que introduziram novas salvaguardas para o setor bancário, disseram as agências reguladoras.

Já o governo britânico anunciou que a filial do SVB no país foi vendida para o HSBC, que afirmou tê-la adquirido pelo valor simbólico de uma libra.

“O Silicon Valley Bank (Reino Unido) foi vendido hoje para o HSBC”, disse o Tesouro, em um comunicado. “Os clientes do SVB UK poderão acessar seus depósitos e serviços bancários, normalmente, a partir de hoje”, acrescentou.

– Evitar o “contágio” –

Em um comunicado divulgado ontem à noite, o presidente americano, Joe Biden, prometeu que responsabilizaria os responsáveis pelas falências bancárias. Ele se dirigirá à nação na manhã de segunda-feira para dar uma mensagem tranquilizadora sobre o sistema bancário.

A FDIC garante depósitos, mas apenas até US$ 250.000 por cliente e por banco.

A lei bancária federal permite, no entanto, que a FDIC proteja os depósitos não segurados, se não fazê-lo for colocar o sistema em risco, informou o jornal The Washington Post.

Na Alemanha, o regulador financeiro disse que a “situação de crise” da filial do SVB no país “não representa uma ameaça à estabilidade financeira”.

Na França, o ministro da Economia, Bruno Le Maire, assegurou que não é necessária uma “advertência especial”.

“Não vejo nenhum risco de contágio”, disse ele à rádio Franceinfo.

Apesar disso, as bolsas europeias caíram nesta segunda-feira, e a maioria dos índices asiáticos encerrou o pregão em baixa, com as ações dos bancos sendo as principais afetadas.

As Bolsas de Frankfurt e Paris caíram em torno de 3%, enquanto Madrid perdeu 4%, e Milão, quase 5% em um dado momento. Zurique recuou, por sua vez, 1,7%. Londres caiu 2,3%, mas as perdas se limitaram, depois que o HSBC concordou em comprar a divisão britânica do SVB por £ 1 (US$ 1,2). A Bolsa de Tóquio fechou esta segunda-feira em queda de 1,11%.

Na sexta-feira (10), os reguladores assumiram o controle do SVB, um importante credor entre as startups americanas desde a década de 1980, após uma onda de saques em massa de seus clientes que deixou o banco em dificuldades para se recuperar sozinho.

Horas antes do comunicado conjunto no domingo, a secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, disse que o governo queria evitar um “contágio” financeiro pelo colapso do SVB, mas descartou um resgate para a entidade.

“Queremos garantir que os problemas que existem em um banco não criem um contágio para outros que são sólidos”, disse Yellen, durante entrevista à rede CBS.

Desde sexta-feira, surgem pedidos para resgate do SVB dos setores tecnológico e financeiro. Yellen garantiu, porém, que as reformas feitas após a crise financeira de 2008 fecharam as portas para essa possibilidade.

O colapso do SVB representa a maior quebra bancária nos Estados Unidos desde a crise de 2008 em volume de ativos.