Pyongyang reagiu às recentes declarações de Donald Trump sobre Kim Jong Un e questionou se o presidente americano está em uma recaída retórica, o que augura uma nova guerra de insultos às vésperas do fim do ultimato norte-coreano.

As autoridades norte-coreanas deram prazo até o fim do ano para Washington apresentar concessões nas negociações sobre a questão nuclear, atualmente paralisadas. A Coreia do Norte ameaça mudar de estratégia se o governo dos Estados Unidos não apresentar nenhuma oferta.

Trump e o líder norte-coreano Kim Jong Un, cujos países se enfrentaram na guerra de 1950-1953, trocaram ofensas e ameaças de apocalipse nuclear em 2017, antes de uma aproximação histórica no ano seguinte.

Mas as negociações sobre a desnuclearização da Coreia do Norte estão paralisadas desde o fiasco do encontro dos dois chefes de Estado em Hanói, em fevereiro.

Na Grã-Bretanha, onde participou na reunião de cúpula da Otan, Trump disse que não descartava uma ação militar contra Pyongyang.

“Está claro que gosta de lançar foguetes, verdade? É por isto que o chamo de ‘homem foguete'”, disse o presidente americano ao recordar um de seus apelidos para Kim Jong Un.

A resposta da Coreia do Norte veio na quinta-feira à noite. Para a vice-ministra das Relações Exteriores, Choe Son Hui, estas declarações “carecem de cortesia com a direção suprema da RPDC”, a sigla oficial da República Popular Democrática da Coreia.

“Se isto significa utilizar expressões como as de dois anos atrás, quando uma guerra de palavras era travada ao longo do oceano… seria um desafio muito perigoso”, advertiu em um comunicado divulgado pela agência oficial norte-coreana KCNA.

Ao citar Trump e reproduzir os insultos preferidos de Kim em 2017, a vice-ministra acrescentou que qualquer repetição “deve ser diagnosticada como a recaída na senilidade de um senil” (em inglês a expressão antiquada “the dotage of a dotard”).

Em reação ao eventual uso da força contra Pyongyang, a Coreia do Norte já havia anunciado na quarta-feira que realizaria “ações equivalentes a todos os níveis”.

Na reunião da Otan, o presidente americano deixou claro: “Temos o exército mais poderoso de nossa história e somos, de longe, o país mais poderoso do mundo”.

“Espero que não precisemos utilizá-lo, mas se tivermos, nós vamos utilizar”, advertiu.

A agência KCNA é conhecida pelo uso em inglês de expressões extravagantes e geralmente antiquadas.

O ex-presidente americano George W. Bush foi chamado de “homem meio cozido”. A ex-presidenta da Coreia do Sul Park Geun-hye foi foi classificada de “prostituta astuta” e Barack Obama de ser o “cafetão” da sul-coreana.