Por Letícia Fucuchima

SÃO PAULO (Reuters) – A geradora de energia renovável Auren registrou uma melhora de seus resultados no terceiro trimestre com maior produção das usinas hidrelétricas e renováveis, ao mesmo tempo em que continua prospectando oportunidades de crescimento orgânico e aquisições para melhorar a alocação de capital, disseram executivos da companhia à Reuters.

A companhia controlada pelo grupo Votorantim e CPP Investments divulgou nesta quarta-feira um lucro líquido de 230,1 milhões de reais, uma queda de 29,6% na comparação anual.

Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) da Auren recuou 39,8%, para 503,2 milhões de reais.

O diretor financeiro da geradora, Mario Bertoncini, explica que esses números em queda refletem uma base de comparação inflada do terceiro trimestre de 2021, quando os resultados foram positivamente impactados por dois efeitos não recorrentes –a repactuação do risco hidrológico, de (GSF, na sigla em inglês) e uma reversão de provisão para litígios.

Ajustando o Ebitda por itens não recorrentes, o indicador atingiu 498 milhões de reais neste trimestre, 202,6% acima dos 164,6 milhões de reais de igual período de 2021.

Bertoncini destaca o aumento da geração hidrelétrica entre julho e setembro deste ano, com efeito positivo de 58 milhões de reais no Ebitda, além de um aumento de cerca de 200 milhões de reais com comercialização de energia, explicado principalmente pela marcação a mercado das posições em energia.

“No terceiro trimestre do ano passado vimos uma crise hídrica muito grande, com preços muito altos, e já houve uma normalização do regime hídrico, com preços de energia no piso em boa parte desse ano. Essa variação de precos nos possibilitou ganhos em operações (de comercialização)”, disse.

CAIXA ROBUSTO

A Auren encerrou o mês de setembro com uma posição de caixa e de equivalentes de 3,1 bilhões de reais, uma cifra relevante e que não reflete uma estrutura de capital adequada, afirmou o CEO, Fabio Zanfelice.

Segundo ele, a companhia segue avaliando oportunidades de crescimento para otimizar sua alocação de capital.

“Não é tão simples assim conseguir ativos a qualquer momento com o retorno que a gente espera… Mas temos oportunidades, estamos vendo algumas”, afirmou, lembrando que a Auren participou do leilão de privatização da geradora gaúcha CEEE-G, que acabou arrematada pela CSN.

Uma das oportunidades na mira da Auren é a futura venda da hidrelétrica Foz do Areia, da Copel. Na semana passada, o governo brasileiro fixou o valor mínimo de bônus de outorga para a renovação da concessão, um importante passo para que a estatal paranaense possa seguir com a privatização do ativo.

“Obviamente vamos olhar, interessa para a gente porque o comprador vai ser majoritário… A Copel é um parceiro importante, tem muito alinhamento com a gente em termos de qualidade de operação e gestão de ativo”, disse Zanfelice.

Ele acrescentou que a empresa “não fechou a porta para novas hidrelétricas” no portfólio, embora venha procurando diversificar seu parque gerador com mais usinas eólicas e solares.

DIVIDENDOS

O CEO da Auren comentou que a empresa, que nasceu há menos de um ano com a incorporação da Cesp, está em um momento de “colecionar experiências” antes de decidir sobre distribuição de dividendos.

“Se não tivermos sucesso de encontrar um ativo… Abre-se uma discussão [com o conselho de admnistração] para dizer ‘olha, o mercado hoje não tem as oportunidades que a gente gostaria em termos de retorno e começa a fazer sentido avaliar pagamento de dividendos”.

 

(Por Letícia Fucuchima)

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