FRANKFURT (Reuters) – Os salários da zona do euro estão subindo após uma década perdida, mas alguns aumentos salariais podem ser efêmeros, já que empregadores de todo o bloco estão optando por dar bônus isolados em vez de aumentos permanentes em meio à perspectiva incerta de crescimento e inflação.

A preferência por aumentos temporários pode ser frustrante para os trabalhadores, que estão enfrentando uma crise do custo de vida, mas será bem recebida pelos formuladores de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), que temem uma espiral retroalimentada entre salários e inflação.

À primeira vista, os dados parecem indicar que os empregadores e o BCE estão lenta mas seguramente perdendo a batalha: os salários negociados aumentaram 2,8% no primeiro trimestre. Este foi o ritmo mais rápido desde o início de 2009, impulsionado por um salto de 4% na Alemanha, a maior das 19 economias que compõem a zona do euro.

Mas, uma vez excluídos os pagamentos pontuais, o salto alemão foi de apenas cerca de 2%, sugerindo que as empresas desembolsaram recursos para aliviar o impacto da inflação e da pandemia para seus funcionários, mas de maneira limitada e que não deve perpetuar a alta dos preços.

Há evidências de que empresas da Itália à França e Holanda estão tomando medidas semelhantes, mitigando o que provavelmente ainda deve se tornar um aumento salarial difícil de conter.

“Os empregadores se empenharam e não querem reabrir as negociações”, disse Boris Plazzi, negociador salarial do sindicato francês CGT. “Os trabalhadores, portanto, recuaram e se resignaram.”

A guerra na Ucrânia é outro fator que impede o crescimento salarial, conforme a perspectiva sombria e boatos crescentes de recessão fazem as pessoas temerem por seus empregos.

“Nas próximas negociações salariais, a incerteza sobre o desenvolvimento econômico e as preocupações com possíveis perdas de empregos podem diminuir os aumentos salariais”, disse o banco central alemão.

O BCE há muito argumenta que um crescimento salarial de 2% a 3% é consistente com uma taxa de inflação de 2%, sua meta de médio prazo.

(Por Balazs Koranyi em Frankfurt, Leigh Thomas e Caroline Pailliez em Paris, Francesco Zecchini e Gavin Jones em Roma, Toby Sterling em Amsterdã e Belen Carreno em Madri)

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