Um ato de protesto contra a indicação do ministro licenciado da Justiça Alexandre de Moraes para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) foi promovido na noite desta segunda-feira (20) no Circo Voador, na Lapa, centro do Rio de Janeiro. Artistas, advogados, escritores e líderes de entidades da sociedade civil discursaram criticando a escolha de Moraes pelo presidente Michel Temer (PMDB). Ao todo, estavam previstos discursos de 16 pessoas, entre eles os atores Osmar Prado e Gregório Duvivier.

Cerca de 300 pessoas participaram do evento, organizado por meio das redes sociais. “Nosso desejo é que o Alexandre de Moraes não seja aprovado na sabatina, mas não temos a expectativa de que o ato de hoje vá interferir no resultado dela. Nos reunimos porque discordamos dessa indicação e decidimos nos manifestar”, afirma a advogada e atriz Carolina Bassin, uma das cerca de 20 pessoas responsáveis pela organização do protesto.

Flávio Martins, diretor da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), evitou citar o nome de Moraes, dizendo que preferia “citar os grandes nomes que já compuseram o STF”. Ele classificou o indicado ao Supremo como “pessoa nefasta” indicada por um “presidente ilegítimo”.

O deputado federal Wadih Damous (PT-RJ), ex-presidente da subseção da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB-RJ), também teceu críticas a Alexandre de Moraes. “Infelizmente, aqui no Brasil (a escolha de um ministro do STF) é um jogo de compadres”, lamentou. “O Senado está cheio de gente que vai ser julgada pelo STF, e esses não vão colocar empecilhos à indicação de Alexandre. É esse jogo de cena que vamos ver amanhã”, afirmou.

O ator Gregório Duvivier ironizou: “Alexandre de Moraes foi advogado do PCC, mas isso não é um problema, pelo contrário: o PCC é o grupo mais honesto com quem ele se aliou”, afirmou. “O STF deveria se chamar Submisso Tribunal Federal, ou Subalterno Tribunal Federal”, continuou.

O ator Osmar Prado, por sua vez, fez críticas à TV Globo e elogiou o escritor Raduan Nassar, que fez duras críticas ao governo de Michel Temer na sexta-feira (17), durante cerimônia em que recebeu um prêmio literário concedido pelos governos do Brasil e de Portugal. “Ele teve a coragem, a consciência de não ficar calado na frente do ministro da Cultura”, elogiou.