Com 17 anos, o YouTube ainda não chegou à maioridade, mas já transformou muitas coisas no entretenimento. Da forma de se fazer vídeos até a maneira como as pessoas o consomem, o desenvolvimento da plataforma foi influenciado e influenciou toda uma geração. Agora, em uma nova empreitada, a plataforma avança em inovação e inclui ferramentas de Live Commerce para seus criadores de conteúdo, buscando modificar o comércio on-line, para não ficar para atrás do mercado asiático, especialista no segmento. O plano da plataforma é disponibilizar a função em vídeos ao vivo, nos Shorts e nos vídeos sob demanda (VoD), expandindo em um futuro próximo a função para todos os criadores da plataforma. “Compras sempre foi uma parte do YouTube, se pensar nos unboxings, reviews de produtos, tutoriais… As pessoas estavam sempre falando de produtos, explicando e vendendo”, disse à DINHEIRO a americana Bridget Dolan, diretora-geral do YouTube Shopping.

Ainda em fase piloto, a função Shoppable complementa a experiência do usuário na rede. “Estamos apenas fazendo ser mais fácil para que os usuários vejam esses produtos e cliquem neles, e para os criadores ganharem dinheiro dessa experiência”, afirmou a executiva. A aposta no formato tem embasamento nos números. Pesquisa Why Video 2021 do Google/Talk Shoppe mostra a forte relevância dos criadores de conteúdo na decisão de compra dos usuários. De acordo com o estudo, 76% dos usuários brasileiros dizem que os conteúdos do YouTube os ajudam a decidir o que comprar.

Atual tendência, o Live Commerce permite que consumidores comprem produtos de forma facilitada durante uma transmissão ao vivo. Popularizada na China, com as lives do grupo Alibaba, essa forma de vendas permite que as pessoas vejam na hora como o produto funciona. Essa experiência facilita a decisão de compra, ao mesmo tempo que permite que as marcas criem um relacionamento mais próximo com a audiência. Na prática, é uma evolução dos programas de venda pela televisão. O sócio da Sponsorb e co-fundador da Malbec Angels, Fernando Moulin, explica que o sucesso do formato está na forma mais sutil de apresentar o produto, sem forçar a compra. “As empresas não podem invadir a conversa com os clientes de forma abrupta como o marketing antigo fazia. ” Agora, segundo Moulin, a lógica é “ajudar os clientes a resolver seus problemas e atender seus interesses”. Dados da consultoria de Moulin apontam que no setor de moda e varejo alimentar as vendas neste modelo já representam até 5%.

VENDAS AO VIVO No Brasil, o modelo de Live Commerce do YouTube já foi realizado pela Claro e pelas Americanas. (Crédito:Divulgação)

Na China, a plataforma de lives do Alibaba, Taobao, gerou mais de US$ 60 bilhões em vendas em 2020. Atrás desse rico e promissor mercado, o YouTube começa a implementar a ferramenta Shoppable, que permite que o comércio aconteça de forma integrada com as lives. No Brasil, o recurso já foi utilizado em uma parceria com a Americanas durante a Black Friday em 2021 e, neste ano, incluiu a opção durante a transmissão do Campeonato Paulista, com a Claro. Nas partidas da semifinal e final da competição, os espectadores puderam comprar smartphones com promoções exclusivas e sem precisar mudar de tela e perder o jogo. Dando um passo mais à frente no projeto, o YouTube incluiu a opção de Live Commerce durante a Beauty Fest realizada em junho. Com transmissão ao vivo dos Estados Unidos, espectadores do Brasil, Índia, Coreia do Sul e Estados Unidos tiveram a opção de adquirir os produtos mostrados durante o evento diretamente pelo vídeo. Na Beauty Fest, a função também foi acrescida para os Shorts, vídeos de formato curto e vertical.

Esse forte engajamento do Brasil com as redes sociais e o mundo on-line é visto com bons olhos pelo YouTube. Na visão de Dolan, entretanto, para o mercado brasileiro e também americano, mais do que as lives, o forte será o comércio facilitado pelos vídeos sob demanda e pelo Shorts, muito por uma questão cultural da relação do usuário com a compra. O fato é que, por aqui, além do YouTube, outras plataformas estão surgindo e diversas marcas já se utilizam do Live Commerce para as vendas.

Lançada em julho de 2021, por exemplo, a Oli já realizou mais de 130 lives para marcas como Anacapri, Riachuelo e Malwee, e afirma que a média de conversão em vendas realizadas é de 11%. Além da plataforma de streaming, a empresa ainda auxilia no desenvolvimento da estratégia da campanha, conteúdo, seleção e treinamento de influenciadores, e possui estúdios próprios para as gravações. Parte da transformação do comércio, a Oli pretende faturar R$ 25 milhões em 2022, superando em 400% o total investido no projeto. Para vender mais, o Live Commerce tem se mostrado eficiente. Par comprar, ative as notificações.