Um atentado com carro-bomba contra um posto de comando da polícia deixou dois mortos e vários feridos na manhã desta quinta-feira (6) em Chabahar, sudeste do Irã, um ato que Teerã atribuiu a “terroristas apoiados a partir do exterior”.

Horas depois do ataque, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohammad Javad Zarif, afirmou que o atentado de Chabahar foi obra “de terroristas apoiados pelo exterior”.

“Anotem o que eu digo: o Irã levará esses terroristas a seus chefes à Justiça”, acrescentou o ministro.

“Esta ação terrorista causou a morte de dois membros da polícia”, declarou à televisão pública Mohammad Hadi Marachi, governador adjunto da província do Sistão-Baluquistão encarregado dos assuntos de segurança.

“Quatro pessoas morreram como mártires”, declarou mais cedo o governador de Chabahar, Rahmdel Bameri, antes de rever o balanço das vítimas para dois mortos.

Vários veículos da imprensa iraniana relataram a ocorrência de tiros que antecederam uma forte explosão, pouco antes das 10h (4h30 em Brasília), nessa cidade portuária situada a cerca de 100 quilômetros ao oeste da fronteira paquistanesa, na província do Sistão-Baluquistão.

Essa área é, com frequência, palco de violência entre as forças da ordem e separatistas baluches, ou grupos extremistas, os quais Teerã acusa de serem apoiados por Islamabad e Riad.

“Os terroristas tentaram invadir o QG da polícia de Chabahar, mas foram impedidos por um guarda e, então, explodiram um carro-bomba”, declarou Marachi, sem mencionar o número de agressores.

Segundo Bameri, “a explosão foi muito forte e quebrou as janelas de vários prédios ao redor”, deixando “vários feridos”, entre lojistas e pedestres, incluindo mulheres e crianças.

A agência Tasnim fala em 27 feridos.

Fotos divulgadas pela Tasnim mostram destroços, assim como os restos do veículo usado pelos agressores, que teria sido uma van azul da Nissan.

De confissão sunita, a minoria baluche representaria pelo menos 2% da população iraniana, mais de 90% xiita.

Do outro lado da fronteira, a província paquistanesa do Baluquistão também é abalada por uma insurreição separatista e por episódios de violência islamistas, que já deixaram centenas de mortos.

Em meados de outubro, um grupo de 12 guardas de fronteira e membros do Bassidj (movimento popular de “voluntários” organizado em milícia e encarregado de diversas tarefas de manutenção da ordem) foi sequestrado nessa região.

Segundo a agência de notícias semioficial iraniana Isna, o sequestro foi reivindicado pelo grupo jihadista Jaish al-Adl (“Exército da Justiça”, em uma tradução livre do árabe), formado em 2012 por ex-membros de uma organização sunita extremista. Esse grupo travou uma sangrenta rebelião no Sistão-Baluquistão.

Cinco membros do grupo foram libertados e voltaram ao Irã após pouco mais de um mês de cativeiro. Os demais continuam como reféns no Paquistão.

No final de setembro, cinco homens de um comando armado abriram fogo contra uma parada militar em Ahvaz, no sudoeste do Irã, matando 24 pessoas. Todos os agressores foram abatidos. O Estado Islâmico e um grupo separatista árabe assumiram a autoria do atentado.

O EI reivindicou seu primeiro ataque no Irã em 7 de junho de 2017. Em Teerã, homens armados e suicidas atacaram o Parlamento e o mausoléu do fundador da República Islâmica, o imã Khomeiny, deixando 17 mortos e dezenas de feridos.