Por Jeffrey Heller e Nidal al-Mughrabi

JERUSALÉM (Reuters) – Conflitos violentos em Jerusalém se intensificaram dramaticamente nesta segunda-feira, e autoridades de saúde de Gaza disseram que pelo menos 20 pessoas, incluindo 9 crianças, foram mortas por ataques aéreos israelenses lançados depois que grupos militantes palestinos dispararam foguetes perto de Jerusalém.

Militares israelenses afirmaram que realizaram ataques contra grupos armados, lançadores de foguetes e postos militares em Gaza depois que militantes cruzaram o que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, chamou de “linha vermelha”, atirando na área de Jerusalém pela primeira vez desde uma guerra em 2014.

Os disparos de foguetes e os ataques aéreos israelenses continuaram até tarde da noite, com os palestinos relatando fortes explosões perto da Cidade de Gaza e na faixa costeira. Pouco antes da meia-noite no horário local, os militares israelenses disseram que militantes palestinos tinham disparado cerca de 150 foguetes contra Israel, dos quais dezenas foram interceptados por seus sistemas de defesa antimísseis.

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse que os ataques com foguetes de Gaza contra Israel deveriam parar “imediatamente”, e pediu a todos os lados que tomem medidas para reduzir as tensões.

Sirenes de foguete soaram em Jerusalém, em cidades e em comunidades próximas a Gaza minutos após o fim de um ultimato do Hamas, grupo islâmico que domina o enclave, exigindo que Israel retirasse suas forças de segurança da área da mesquita de Al-Aqsa e em outro ponto de conflito na cidade sagrada.

Enquanto Israel celebrava o “Dia de Jerusalém” mais cedo nesta segunda-feira, marcando a captura de Jerusalém Oriental na Guerra dos Seis Dias de 1967, confrontos aconteceram em frente à mesquita, o terceiro local mais sagrado do Islã.

A Sociedade do Crescente Vermelho palestina disse que mais de 300 palestinos ficaram feridos em confrontos com a polícia que disparou balas de borracha, granadas de atordoamento e gás lacrimogêneo no complexo, que também é reverenciado pelos judeus no local dos templos bíblicos. A polícia israelense disse que 21 policiais ficaram feridos nos confrontos com os palestinos perto da mesquita.

A última vez que foguetes lançados de Gaza atingiram Jerusalém foi durante uma guerra em 2014 entre Israel e militantes palestinos no território.

“As organizações terroristas cruzaram uma linha vermelha no Dia de Jerusalém e nos atacaram, nos arredores de Jerusalém”, disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em um discurso.

“Israel responderá de forma muito vigorosa. Não toleraremos ataques em nosso território, nossa capital, nossos cidadãos e nossos soldados. Qualquer um que nos atacar pagará um preço alto”, acrescentou.

Os esforços internacionais para tentar conter a violência parecem já ter começado. Uma autoridade palestina disse à Reuters que Egito, Catar e a Organização das Nações Unidas (ONU), que mediaram tréguas entre Israel e o Hamas no passado, estão em contato com o líder do grupo militante Ismail Haniyeh.

O tenente-coronel israelense, Jonathan Conricus, disse nesta segunda-feira que pelo menos seis dos foguetes disparados de Gaza foram lançados em direção aos arredores de Jerusalém, onde uma casa foi atingida. Nenhuma vítima foi relatada.

“Começamos a atacar alvos militares do Hamas”, disse Conricus em uma entrevista coletiva a repórteres, sem definir nenhum prazo para qualquer ofensiva israelense. “O Hamas vai pagar um preço muito alto.”

Ele disse que Israel havia realizado um ataque aéreo no norte de Gaza contra militantes do Hamas e estava analisando relatos de que crianças haviam sido mortas.

“Tivemos múltiplos eventos de foguetes disparados por terroristas de Gaza que ficaram aquém das expectativas. Isso pode ser o mesmo”, disse Conricus.

Ao longo da fronteira fortificada Gaza-Israel, um míssil anti-tanque palestino disparado do minúsculo território costeiro atingiu um veículo civil, ferindo um israelense, disse.

O Hamas e o pequeno grupo militante Jihad Islâmica reivindicaram a responsabilidade pelos ataques com mísseis.

“Esta é uma mensagem que o inimigo deve entender bem”, disse Abu Ubaida, porta-voz da ala armada do Hamas.

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