16/09/2019 - 16:38
Os preços do petróleo nesta segunda-feira (16) registraram sua maior disparada durante uma sessão desde 1991, após os ataques com drones às instalações de petróleo na Arábia Saudita no fim de semana. Quem ganha e quem perde com esse aumento brutal e o aumento das tensões geopolíticas?
– Arábia Saudita, a grande perdedora –
O ataque deixa em xeque a capacidade do país de proteger suas instalações petroleiras, das quais suas receitas dependem, apesar de ter feito grandes investimentos em segurança.
O projeto de lançamento da Aramco, empresa pública proprietária das instalações, na bolsa de valores pode sofrer as consequências do ataque: se a empresa, suas infraestruturas e suas reservas estiverem em risco, “os investidores vão querer mais por seu dinheiro”, considera Neil Wilson, analista da Markets.com.
– Opep, dividida –
O ataque fez os preços do petróleo dispararem, algo que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) tenta fazer há meses, comprometendo-se coletivamente a limitar sua produção.
E países-membros e seus sócios devem se preparar para compensar a falta de produção dos sauditas, o que geraria maiores receitas, avalia Craig Erlam, analista de Oanda.
Contudo, as tensões entre dois países-membros, Arábia Saudita e Irã, tornam patentes as discordâncias no seio da organização e afetam sua reputação como força reguladora do mercado mundial.
– EUA, vencedor, mas com riscos –
Os Estados Unidos deveriam se beneficiar deste ataque contra o gigante saudita, graças a sua produção de hidrocarbonetos, a maior do mundo devido a enorme exploração de petróleo de xisto, segundo analistas da JBC Energy.
“Os Estados Unidos simplesmente continuarão bombeando, e os preços altos servirão para sustentar o crescimento da produção americana”, concorda Wilson.
O presidente Donald Trump anunciou que seu país poderia utilizar suas reservas estratégicas para “paliar qualquer choque a curto prazo”, afirma David Cheetham, analista de XTB, o que posicionaria os Estados Unidos como uma força alternativa de regulação da oferta petroleira.
Entretanto, a disparada dos preços pode pesar um crescimento americano, que já vão está mais a todo vapor.
– Nova derrota para a China –
A China, que já enfrenta um conflito comercial com os Estados Unidos, pode sofrer impactos do ataque em sua economia, muito ávida por energia e, portanto, altamente dependente dos preços do petróleo.
– Irã, ameaçado com represálias –
O Irã, abalado pelas sanções americanas que lhe impedem de vender petróleo ao exterior, é acusado pelos Estados Unidos de ser responsável pelo ataque. Trump ameaçou com represálias contra a República islâmica.
– Rússia, bem posicionada –
Como sócio da Opep e segundo maior exportador de petróleo do mundo, a Rússia está “definitivamente entre os que estão dispostos a preencher o vazio, se for necessário, e portanto deve se beneficiar a curto prazo”, avalia Erlam.
Contudo, ele lembra que “é preciso ver em que prazo a Arábia Saudita consegue retomar sua produção”.
– Consumidores, perdedores –
Em alguns países, “podemos esperar com bastante rapidez um aumento de quatro ou cinco centavos” de euro no preço final para o consumidor de gasolina e gasóleo, afirma Francis Duseux, presidente da União Francesa de Indústrias Petroleiras (UFIP).
Com seu impacto nos bolsos dos consumidores, esta disparada dos preços de combustíveis pode prejudicar a economia mundial em seu conjunto.