Ao menos 26 combatentes leais ao governo sírio, em sua maioria iranianos, morreram no domingo em um ataque com mísseis contra uma base militar na Síria, anunciou nesta segunda-feira a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que suspeita de um ataque de Israel.

Os bombardeios, “provavelmente israelenses”, contra a Brigada 47, uma base militar na província central de Hama, mataram 26 combatentes pró-governo, afirmou o OSDH.

No domingo à noite, a imprensa estatal citou uma “nova agressão com mísseis inimigos contra posições militares nas províncias de Hama e Aleppo”.

“Ao menos 26 combatentes morreram, entre eles quatro sírios. Os outros são combatentes estrangeiros, em sua maioria iranianos”, disse à AFP o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

“Pelo tipo do alvo, provavelmente foram bombardeios israelenses”, completou Rahman.

Tanto no aeroporto militar da província de Aleppo (norte) como na Brigada 47, os bombardeios apontaram contra “depósitos de mísseis terra-terra”, disse.

Em Israel, o ministro dos Transportes, Yisrael Katz, diretor do serviço de inteligência, afirmou que não estava a par do assunto.

Katz acrescentou, no entanto, a que “a violência e a instabilidade na Síria são o resultado das tentativas do Irã de implantar-se militarmente neste país”.

“Israel não permitirá a abertura de uma frente norte na Síria”, advertiu Katz, que integra o gabinete de segurança israelense.

Israel não confirma, com algumas exceções, suas operações militares na Síria.

Desde o início da guerra na Síria em 2011, Israel realizou vários ataques aéreos contra alvos no país, especialmente contra o Hezbollah.

Israel e Síria estão oficialmente em estado de guerra e suas relações ficaram ainda mais tensas nos últimos anos, já que três inimigos de Israel atuam no conflito sírio: o próprio regime de Damasco, o Irã e o grupo libanês Hezbollah.

“Não permitiremos nenhum destacamento iraniano na Síria”, afirmou no início do mês o ministro israelense da Defesa, Avigdor Lieberman.

No dia 9 de abril, Síria e Irã acusaram Israel por um ataque contra a base militar aérea T4, na província central de Homs, uma ação que matou 14 combatentes, incluindo sete iranianos.

Em fevereiro, Israel atacou o mesmo local, alegando que era uma base militar iraniana em território sírio.

O ataque contra a base síria coincidiu com a visita do secretário de Estado americano, Mike Pompeo, a Israel durante uma viagem ao Oriente Médio.

No domingo, Pompeo reafirmou a linha dura adotada pela administração americana a respeito do Irã.

“A ambição do Irã continua sendo dominar o Oriente Médio”, declarou o chefe da diplomacia americana. O ministério iraniano das Relações Exteriores classificou as declarações de “acusações absurdas e sem fundamento”.

Sem o compromisso do Irã ou o apoio da Rússia, o regime sírio não teria sido capaz de aumentar suas vitórias ante os rebeldes e os jihadistas, até reconquistar mais da metade do território.

Ao mesmo tempo prosseguiam nesta segunda-feira os preparativos para as saídas de combatentes do acampamento palestino de Yarmuk, último reduto do grupo Estado Islâmico (EI) na periferia sul de Damasco.

Os extremistas do EI, no entanto, não estão envolvidos no acordo, que inclui principalmente outras facções jihadistas e islamitas, segundo o OSDH.