Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central consideraram, na ata do último encontro do colegiado divulgada nesta terça-feira, 17, que a ociosidade da economia pode se reduzir mais rápido do que o previsto, produzindo assim uma pressão inflacionária. O colegiado cortou a taxa Selic de 5,00% para 4,50% ao ano na semana passada.

O documento traz a avaliação de que os últimos dados de atividade e a maior eficiência do mercado de crédito e de capitais podem levar a uma redução mais rápida da ociosidade. Por outro lado, o colegiado destacou que a ociosidade dos fatores de produção ainda é elevada, dada a dinâmica atual dos núcleos de inflação.

O Copom reiterou que a retomada da economia brasileira ganhou tração nos últimos meses.

Para o BC, os estímulos da liberação de saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do PIS-Pasep deve ter impacto concentrado no último trimestre do ano.

“O cenário básico do Copom supõe que o ritmo de crescimento subjacente da economia, que exclui os efeitos de estímulos temporários, será gradual”, completou o documento.

Alto nível de ociosidade

Embora considere que a retomada da atividade ganhou tração nos últimos meses, o Banco Central reiterou nesta terça-feira por meio da ata que a economia segue operando com alto nível de ociosidade dos fatores de produção.

Segundo o BC essa alta ociosidade se reflete nos baixos índices das medidas tradicionais de utilização da capacidade da indústria e, principalmente, na taxa de desemprego.

O documento repetiu ainda que diversas medidas de inflação subjacente encontram-se em níveis confortáveis, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, como o setor de serviços.

Desta forma, o Copom manteve a avaliação de que o cenário prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural.

“Os membros do Copom avaliam que as atuais taxas de juros reais ex-ante têm efeito estimulativo sobre a economia”, completou o BC.

Estímulos monetários de economias centrais

Os membros do Copom repetiram na ata do último encontro do colegiado a avaliação de que o cenário externo segue relativamente favorável para as economias emergentes.

“Bancos centrais de diversas economias, incluindo algumas centrais, têm provido estímulos monetários, o que contribui para o afrouxamento das condições financeiras globais”, reiterou o documento.

O Copom deixou de citar os riscos associados a uma desaceleração mais intensa da economia global, que eram elencados como uma fonte de incerteza no comunicado e na ata da reunião anterior do colegiado, em outubro.