Os mercados acionários americanos encerraram o pregão desta quinta-feira, 5, em alta, à medida que investidores reagiram à ata da reunião de política monetária de junho do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), onde os dirigentes reconheceram a saúde da expansão econômica nos Estados Unidos. Além disso, a possibilidade de um acordo comercial entre Washington e Bruxelas para evitar tarifas sobre veículos importados pelos americanos foi a base para ganhos sólidos das bolsas americanas.

O índice Dow Jones fechou em alta de 0,75%, aos 24.356,74 pontos; o S&P 500 subiu 0,86%, aos 2.736,61 pontos; e o Nasdaq avançou 1,12%, aos 7.586,43 pontos.

A reunião de política monetária do Fed realizada no mês passado culminou na segunda elevação de 0,25 ponto porcentual nos juros e na sinalização do banco central de que mais dois aumentos nas taxas poderiam ser esperados este ano. Nesta quinta-feira, a ata revelou que os dirigentes do Fed viam riscos negativos vindos da política comercial americana ao dizerem que eles haviam “se intensificado”. O documento também indicou que um confronto tarifário poderia ter efeitos negativos no sentimento dos negócios e nos investimentos, na avaliação dos banqueiros centrais.

Na quinta-feira, as tensões comerciais se suavizaram um pouco, com grande avanço de ações das montadoras depois que o jornal alemão Handelsblatt relatou que uma autoridade americana propôs a dirigentes de montadoras alemãs que Washington pode suspender ameaças de adoção de tarifas sobre veículos importados da Europa se a União Europeia eliminar barreiras sobre automóveis americanos. A proposta teria sido feita pelo embaixador americano na Alemanha, Richard Grenell, a executivos da Daimler, Volskwagen e BMW em Berlim na quarta-feira, 4. A chanceler alemã, Angela Merkel, evidenciou que levaria em consideração essa possibilidade ao dizer que, se a Alemanha quiser “renegociar tarifas” no setor automotivo, precisará de um “acordo europeu”.

Isso, no entanto, não apagou certa cautela com o embate tarifário sino-americano. À 1h01 (de Brasília) desta sexta-feira, entram em vigor tarifa de 25% aplicada pelos EUA sobre US$ 34 bilhões em produtos chineses. Pequim já anunciou que suas barreiras sobre o mesmo montante em bens americanos também passariam a valer no mesmo dia. Apesar dos ventos contrários dos confrontos comerciais, o Fed apontou que havia amplo apoio para aumentos contínuos e graduais das taxas de juros. Os dirigentes observaram que a taxa de juros poderia ser igual ou superior ao nível neutro no próximo ano.

“Os mercados estão negociando com base nas manchetes, mas relutamos em tirar conclusões políticas de posturas ou manchetes. Até o momento, não vimos detalhes suficientes das propostas que foram anunciadas, e não sabemos o suficiente para concluir se um resultado bem-sucedido é provável, ou se o comércio é uma questão que poderá, em breve, estar no passado”, disse o gerente sênior de portfólio do US Bank Wealth Management, Eric Wiegand. Para ele, do ponto de vista dos mercados de ações, o americano continua atraente “e essa força permitiu que as bolsas se movessem mais alto, apesar do tom geopolítico duro que existe por agora”.

No campo corporativo, as ações da Boeing fecharam em alta de 0,08%, a US$ 333,18, após a parceria firmada com a Embraer para a criação de uma joint venture (20% da Embraer e 80% da Boeing) para desenvolver a área em que a brasileira atua. A Embraer receberá US$ 3,8 bilhões da companhia americana.