A ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada nesta terça-feira, 5, repetiu a avaliação, presente em documentos anteriores, de que a economia brasileira “segue operando com alto nível de ociosidade dos fatores de produção”.

Este alto nível de ociosidade, conforme o BC, está refletido “nos baixos índices de utilização da capacidade da indústria e, principalmente, na taxa de desemprego”.

A ata do Copom repetiu ainda a avaliação de que “diversas medidas de inflação subjacente encontram-se em níveis confortáveis, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária” – ou seja, os componentes da área de serviços.

Aceleração do PIB com FGTS e PIS-Pasep

A ata do último encontro do Copom registrou, contudo, que os dados divulgados desde o encontro anterior do colegiado, ocorrido em setembro, reforçam a continuidade do processo de recuperação da economia brasileira. Para o BC, a recuperação ocorrerá em “ritmo gradual”.

“O comitê estima que o Produto Interno Bruto (PIB) deve ter apresentado crescimento no terceiro trimestre”, disse o BC.

O Banco Central avaliou ainda que “os trimestres seguintes devem apresentar alguma aceleração, que deve ser reforçada pelos estímulos decorrentes da liberação de recursos do FGTS e PIS-Pasep – com impacto mais concentrado no último trimestre de 2019”.

Na avaliação da instituição, “o ritmo de crescimento subjacente da economia, que exclui os efeitos de estímulos temporários, será gradual”.

Juros reais

A ata do último encontro do Copom do Banco Central repetiu a avaliação presente em documentos anteriores de que “as atuais taxas de juros reais ex-ante têm efeito estimulativo sobre a economia”.

De acordo com o BC, a conjuntura econômica “prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural.” Esta conjuntura é caracterizada na ata por “expectativas de inflação ancoradas, medidas de inflação subjacente em níveis confortáveis, cenários com projeções para a inflação abaixo ou ligeiramente abaixo da meta para o horizonte relevante de política monetária e elevado grau de ociosidade na economia”.

Condições financeiras

Na ata do último encontro do Copom do Banco Central, os membros do colegiado registraram que as condições financeiras “se encontram em níveis favoráveis, não obstante alguma volatilidade inerente a essas medidas”.

“O ambiente com condições financeiras favoráveis resulta da ampliação do grau de estímulo monetário, do ambiente externo relativamente favorável para economias emergentes e das perspectivas de melhoria dos fundamentos da economia brasileira, como resultado da agenda de reformas e ajustes necessários na economia”, afirmou o BC na ata.

Para a autarquia, a distensão das condições financeiras “vem se refletindo de maneira mais nítida na dinâmica dos mercados de crédito livre e de capitais, que crescem a taxas robustas neste momento do ciclo econômico”.

Importância das reformas

Os membros do Copom reforçaram na ata de seu último encontro a importância da continuidade das reformas econômicas no Brasil. Na visão do BC, “a continuidade do processo de reformas e a perseverança nos ajustes necessários na economia brasileira são essenciais para permitir a consolidação da queda da taxa de juros estrutural, para o funcionamento pleno da política monetária e para a recuperação sustentável da economia”.

Neste contexto, a ata também trouxe novamente a avaliação, já presente em documentos anteriores, de que a percepção de continuidade na agenda de reformas “afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes”.

Na semana passada, o Copom promoveu corte de 0,50 ponto porcentual da Selic (a taxa básica de juros), de 5,50% para 5,00% ao ano. Ao mesmo tempo, sinalizou, no comunicado da decisão e na ata desta terça, que pode promover mais cortes da taxa básica.

“A consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir um ajuste adicional, de igual magnitude, no grau de estímulo monetário”, registrou o BC na ata.

Os membros do colegiado também discutiram “os benefícios de oferecer alguma sinalização para além da próxima reunião”, marcada para dezembro. “Os membros do Copom decidiram reforçar que o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela em eventuais novos ajustes no grau de estímulo.”

Como vem fazendo nos documentos ligados à política monetária, o BC ponderou ainda que as sinalizações dadas não restringem suas próximas decisões sobre a Selic. “Os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação”, repetiu o BC.