A Nasa não aceita a alegação da agência espacial da Rússia (Roscosmos) de que uma astronauta dos Estados Unidos sabotou uma cápsula na Estação Espacial Internacional para tentar forçar um retorno antecipado à Terra. A informação foi divulgada pelo jornal britânico The Times nesta segunda (16).

A acusação seria proveniente da agência estatal russa de notícias Tass, que supostamente afirmou que a astronauta Serena Auñón-Chancellor, de 45 anos, teria perfurado um buraco na espaçonave russa Soyuz após uma “crise psicológica aguda” em 2018.

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“Serena é uma tripulante extremamente respeitada, que fez contribuições inestimáveis. Não achei essa acusação crível”, afirma Kathy Lueders, administradora associada de voos espaciais tripulados da Nasa, citada pelo The Times.

Como mostra o jornal britânico, a aparente campanha de difamação levantou questões sobre a parceria da Rússia nas missões espaciais e ampliou o mistério sobre a origem inexplicada do buraco de dois milímetros encontrado na Soyuz MS-09 em 2018 depois que um vazamento de ar foi detectado.

Essa espaçonave transportou Serena Auñón-Chancellor e outros dois tripulantes (Sergey Prokopyev, da Rússia, e Alexander Gerst, da Alemanha) para a Estação Espacial Internacional. Ele atracou no segmento russo, aguardando seu retorno à Terra em dezembro de 2018.

Até então, as investigações russas descartaram que detritos espaciais poderiam ser uma das causas do buraco. Para Dmitry Rogozin, chefe da Roscosmos, ele foi perfurado de dentro por “uma mão vacilante”, diz citado pelo The Times.

Essa conclusão nunca foi publicada, embora as especulações afirmem que um erro durante a fabricação ou teste e que foi discretamente remendado com um selante antes do lançamento teria deflagrado o buraco no espaço.

O novo relatório da Tass, de acordo com o periódico britânico, diz que Serena Auñón-Chancellor fez o buraco após supostamente desenvolver um coágulo sanguíneo em sua veia jugular (pescoço).

A Nasa não comenta questões médicas, embora tenha divulgado um estudo no ano passado sobre como um astronauta não identificado tratou um coágulo de sangue na Estação Espacial Internacional, revela o The Times.

Se não fosse corrigido em tempo, o buraco teria causado a despressurização da estação em duas semanas.