Os gorilas formam laços sociais de uma maneira muito semelhante aos humanos, incluindo grupos de velhos amigos e membros da família, de acordo com um estudo divulgado nesta quarta-feira, que pode fornecer informações sobre como a humanidade evoluiu seu comportamento social.

Os gorilas, que na natureza passam a maior parte do seu tempo em florestas densas, tornando os estudos comportamentais complicados para os pesquisadores, são conhecidos por formar pequenas unidades familiares compostas por um macho dominante e várias fêmeas com filhos.

Mas uma nova análise de dados coletados em anos de trocas sociais entre centenas de espécimes de gorila-ocidental-das-terras-baixas sugere que as criaturas são muito mais socialmente complexas do que se pensava.

Uma equipe de especialistas analisou a frequência e a duração de cada interação observada entre os animais quando eles se reuniam para se alimentar de plantas aquáticas.

Eles descobriram que, além da família próxima, os gorilas formavam uma camada social de “família estendida” composta de 13 indivíduos em média.

Havia também grupos mais amplos, com em média 39 gorilas, onde os animais interagiam consistentemente uns com os outros, apesar de não serem parentes.

“Uma analogia com as primeiras populações humanas pode ser uma tribo ou povoado pequeno, como uma aldeia”, disse Robin Morrison, um antropólogo biológico da Universidade de Cambridge, que liderou o estudo.

Além disso, a equipe descobriu indícios de uma camada social ainda mais ampla, semelhante a um encontro anual ou a festivais em sociedades humanas, onde dezenas de gorilas se reúnem para comer frutas.

Morrison disse que os gorilas podem ter desenvolvido essas habilidades de reunião para ajudar a manutenção de uma “memória coletiva” para rastrear alimentos difíceis de encontrar.

O sistema de alinhamento de grupos é surpreendentemente semelhante aos dos humanos, de acordo com os autores da pesquisa, publicada na revista Proceedings of the Royal Society B.

Mas vários outros animais exibem habilidades sociais semelhantes, incluindo babuínos, baleias e elefantes.

“Nossas descobertas fornecem ainda mais evidências de que esses animais ameaçados de extinção são profundamente inteligentes e sofisticados, e que nós humanos talvez não sejamos tão especiais quanto gostaríamos de pensar”, disse Morrison.