A investigação do Ministério Público do Paraná sobre suposto esquema de fura-fila no SUS indica uma intensa atuação do assessor do deputado estadual Ademir Bier (PSD), Paulo de Morais, o Paulinho. Segundo os investigadores da Operação Mustela, deflagrada nesta segunda, 10, para prender dois médicos e outros dez suspeitos de ligação com o fura-fila, Paulinho chamava propina de “pacotinho”. Em outubro, o assessor do deputado caiu no grampo telefônico. Ele disse que agia há mais de dez anos, período em que teria encaminhado cerca de 10 mil procedimentos cirúrgicos “por fora”.

A Operação Mustela foi autorizada pelos desembargadores do Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Paraná, Corte que detém competência para eventualmente processar deputado. Além de 12 mandados de prisão temporária foram expedidas 44 ordens de busca e apreensão, inclusive no gabinete do deputado Ademir Bier, na Assembleia Legislativa do Paraná.

Os promotores do Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público do Estado que investiga o esquema fura-fila do SUS, destacam que “o Sistema Único de Saúde é um sistema público que deve atender a igualdade”.

“Neste caso havia a nítida intenção de recebimento de dinheiro ‘por fora’ a favor dos médicos e de hospitais e o SUS é que acabava, então, pagando esse tratamento, com prejuízo de todos aqueles que, pacientemente, aguardam (na fila). Todos sabem que a principal reclamação do brasileiro é o tratamento da saúde”, assinalou um dos promotores da Operação Mustela.

O Ministério Público mira ainda Lourival Aparecido Pavão, ex-assessor do governador eleito Ratinho Júnior (PSD). Segundo os investigadores, Pavão “intermediava” contatos entre pacientes interessados em cirurgias e os médicos sob suspeita.

Defesas

Com a palavra, o deputado Ademir Bier:

“Nota de esclarecimento

O deputado estadual Ademir Bier aguarda para ter acesso à investigação para emitir uma resposta definitiva ao caso. Contudo, desde já, é importante deixar claro para a opinião pública que refuta veementemente o seu envolvimento em qualquer ilícito.

Sobre o caso, sabe-se apenas que um assessor comissionado, conhecido como ‘Paulinho’, vinculado ao gabinete do deputado, foi preso na manhã de hoje (10) pelo Gaeco, em razão de por ele ter tido efetivado supostos atendimentos e encaminhamentos de pacientes oriundos do interior, na área da saúde.

Ademir Bier não tem razões para desconfiar da pessoa em questão e acredita que o assessor não está envolvido em atos irregulares.

Porém, caso confirme a participação do referido assessor em ilícitos, reitera que este servidor não agiu com anuência e autorização do deputado, devendo, neste último caso, responder por seus atos.

Por fim, manifesta seu profundo respeito e admiração pelo trabalho do Ministério Público e do Poder Judiciário, acreditando na apuração com responsabilidade do caso.

O deputado reitera seu compromisso com seus eleitores e amigos e afirma, com contundência, a regularidade, integridade e honestidade de todos os atos praticados na condição de deputado estadual, ressaltando que toda a atuação em cinco mandatos foi respaldada pela legalidade, honestidade, probidade e moralidade administrativa.

Ademir Bier – deputado estadual”

Com a palavra, Ratinho Júnior

A reportagem está tentando contato com a assessoria do governador eleito do Paraná. O espaço está aberto para manifestação.