Uma assembleia composta por milhares de dignatários começou nesta sexta-feira (7), em Cabul, para se pronunciar sobre a libertação de 400 prisioneiros talibãs, muitos deles envolvidos em ataques mortais contra afegãos e estrangeiros, tanto civis quanto soldados.

O futuro desses prisioneiros é uma questão crucial na abertura das negociações de paz entre os talibãs e o governo, já que os dois lados se comprometeram a uma troca de prisioneiros como um passo preliminar para o diálogo.

“Os talibãs disseram que, se os 400 [prisioneiros] forem soltos, as negociações diretas poderão começar em três dias”, declarou o presidente afegão, Ashraf Ghani, no início da assembleia de hoje.

“Mas não é possível libertá-los sem antes consultar a nação”, acrescentou.

No início desta sexta, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, pediu aos dignatários que cumpram esta ação “impopular” para avançar em direção à paz.

A libertação dos talibãs “levará a um resultado importante e muito buscado pelos afegãos e pelos amigos do Afeganistão: a redução da violência e as negociações diretas que resultem em um acordo de paz e no fim da guerra”, disse, prometendo ajuda ao país.

Cabul libertou quase 5.000 prisioneiros talibãs, mas as autoridades até agora se negavam a libertar os últimos 400 presos reivindicados pelos insurgentes.

Entre eles, segundo a lista oficial à qual a AFP teve acesso, há muitos homens presos por crimes graves e mais de 150 condenados à morte.

O documento também contém um grupo de 44 presos “indesejáveis”, que são pessoas consideradas problemáticas pelas autoridades americanas e afegãs, além de outros países.

“De fato, existem prisioneiros, cuja libertação ninguém quer, especialmente porque são culpados de matar soldados e cidadãos da coalizão”, explicou uma autoridade não afegã à AFP, pedindo para não ser identificada.

– Loya Jirga –

O presidente afegão, Ashraf Ghani, deixou o destino destes prisioneiros nas mãos da Loya Jirga – uma grande assembleia de dignatários.

A troca de prisioneiros prevê a soltura de 5.000 insurgentes, por parte das autoridades afegãs, enquanto os talibãs devem libertar mil membros das forças de segurança.

Os talibãs, que dizem já ter feito sua parte, recusam-se a começar as negociações de paz até que os 5.000 presos estejam livres.

A ONG Human Rights Watch alertou, no entanto, que muitos destes homens foram presos em virtude de “leis antiterroristas extremamente amplas, que permitem uma prisão preventiva por tempo indeterminado”.

“Os julgamentos secretos e a tortura para forçar confissões tornam quase impossível determinar quais prisioneiros realmente cometeram crimes graves”, afirmou a HRW em seu site na quinta-feira.