A comunidade acadêmica do curso de Direito da Universidade de São Paulo (USP) está preocupada com os crimes registrados nas proximidades da faculdade. As atividades presenciais voltaram em 14 de março no Largo São Francisco, no centro da capital, e, desde então, os estudantes saem em grupos, com horário e rotas preestabelecidas, sugestão feita pela própria coordenação do curso, na tentativa de se proteger de qualquer ameaça.

O largo fica a menos de 200 metros da sede da Secretaria de Segurança do Estado. Diretor da Faculdade do Largo do São Francisco, Celso Campilongo afirma que, após a retomada das aulas presenciais, casos de assaltos foram registrados nos arredores do prédio. Para a estudante do último ano do curso Letícia Chagas, os casos ocorrem com frequência muito maior agora.

Ambos relatam o aumento da quantidade de pessoas vivendo em situação de rua próxima dali. Campilongo adiciona ainda o “grande número” de estabelecimentos comerciais no centro fechados durante a pandemia.

O diretor cita o diálogo diário e constante com a presidência do Centro Acadêmico XI de Agosto, entidade de representação estudantil do curso. “Mais do que isso: tem ajudado bastante na busca e encaminhamento de soluções que, muitas vezes, vão além das competências da Diretoria da Faculdade.”

Campilongo elenca: junto com representantes estudantis, visitou o comandante de Batalhão da Polícia Militar, responsável pelo policiamento do centro. Segundo ele, tanto a Guarda Municipal quanto a Guarda Universitária têm ajudado no policiamento na área das Arcadas.

Ele cita ainda ter feito gestões junto ao Metrô para manter aberta até às 23h30min a Estação Anhangabaú, mais próxima da Faculdade e de onde saem mais relatos de assaltos. “Não tem faltado empenho e colaboração desses órgãos.”

Porém, complementa: “Apesar de todas as medidas adotadas, há registro de casos de assaltos tanto durante o dia quanto à noite. Por isso mesmo, foram solicitados reforços no policiamento, quer à PM quer à Guarda da própria USP.”

A líder estudantil Letícia Chagas garante o envio de ofícios ao governo do Estado e à Prefeitura de São Paulo na tentativa de garantir mais iluminação e também uma política pública às pessoas vivendo em situação de rua nas proximidades. “É uma via de mão dupla: precisamos auxiliar essa população, que sequer tem o que comer, e garantir a segurança dos alunos.”

Um desafio, diz a universitária, é fazer um debate sem cair na proposição de políticas “racistas” e “higienistas” para as Arcadas.

Em nota, a Secretaria da Segurança disse que as ações de policiamento preventivo e ostensivo na região do Largo São Francisco serão intensificadas. “Desde o início do ano, mais de 50 criminosos já foram presos na região da Sé (1ºDP). As forças de segurança mantêm programas específicos de policiamento pela área, com o emprego de efetivo em viaturas em motos, carros e patrulhamento a pé”.

Especificamente no entorno da universidade, acrescentou a pasta, mais de 330 pessoas já foram abordadas pelas forças policiais. “Paralelamente a esse trabalho, desde a última segunda-feira, as polícias Civil, Militar e a Guarda Civil Metropolitana realizam a Operação Capital Mais Segura para combater roubos e furtos, em especial os cometidos com o uso de motos. Até o momento 16 criminosos já foram presos e 43 motocicletas apreendidas.”