(Reuters) – O Assaí está deslanchando inaugurações de lojas compradas do GPA, esperando que a maior rentabilidade do modelo atacarejo em unidades bem localizadas em grandes capitais o ajude a ter melhores margens nos próximos anos.

Ao apresentar a jornalistas a loja Anhanguera, na capital paulista, um dia antes da inauguração comercial, o presidente-executivo do Assaí, Belmiro Gomes, citou exemplos de outras unidades da bandeira cujos níveis de despesas (SG&A) sobre a receita são inferiores ao índice histórico ao redor de 9,5% exibido pelo Assaí na última década.

“Em lojas maiores nas capitais, já temos um nível (de despesas) de 9% com conforto”, disse Gomes.

A expectativa do Assaí é de que lojas como a Anhanguera atinjam em 18 meses o triplo do faturamento do outrora Extra, hipermercado do GPA que mais vendia no país. A empresa espera que a loja alcance uma cifra de cerca de 500 milhões de reais em receita por ano.

A loja Anhanguera será a sexta conversão entregue pela empresa.

Até o fim do ano, o Assaí planeja inaugurar 40 das 70 lojas compradas do GPA no ano passado, e que isso ajude a acelerar o passo para alcançar a meta de atingir receita anual de 100 bilhões de reais em 2024. No segundo trimestre deste ano, essa cifra era de 60 bilhões em termos anualizados.

Com vendas maiores nas grandes lojas de capitais, o grupo espera compensar os desempenhos menores em unidades da bandeira em cidades pequenas e médias, e ter espaço para investir em iniciativas que permitam acelerar receitas mais adiante.

Ícone de um modelo de atacarejo em expansão e que ganhou ainda mais força durante a pandemia no país, o Assaí continua ganhando participação no mercado de varejo nos últimos meses, disse Gomes, citando dados da consultoria Nielsen.

Os níveis de despesas são um componente vital para um negócio de margens estruturalmente comprimidas, especialmente no momento em que o setor varejista tem enfrentado crescente concorrência do comércio eletrônico.

Para Gomes, no entanto, os custos elevados de logística para entrega de produtos de supermercado reforçam a posição competitiva do chamado cash & carry e, com isso, o plano do Assaí de multiplicar ainda mais sua rede de lojas.

“O nosso desempenho tem ajudado a reduzir o ceticismo do mercado em relação ao nosso negócio”, disse ele.

De fato, em relatório recente o Itaú BBA comentou que, mesmo após uma alta de mais de 40% da ação do Assaí em 2022, o papel segue como uma boa aposta de investimento para os próximos meses, dados os ganhos esperados.

“O benefício total das conversões só será visto em 2024”, afirmaram os analistas Thiago Macruz, Maria Clara Infantozzi e Gabriela Moraes no relatório em que reforçaram recomendação ‘outperform’ para Assaí.

(Por Aluisio Alves)