Inovação, mudança e transformação são mantras de dez entre dez executivos. No entanto, Roberto Sallouti, presidente do BTG Pactual, pode se dar ao luxo de reduzir a ênfase, ainda que brevemente, dessas palavras. O executivo continua com bons motivos para comemorar o desempenho da instituição financeira. Pelo segundo ano consecutivo, o BTG sagrou-se vencedor na categoria Bancos Especializados de AS MELHORES DA DINHEIRO. Pelos critérios da premiação, Bancos Especializados são as instituições financeiras que possuem redes inferiores a 50 agências. A categoria não diferencia as instituições por atividade, se bancos comerciais, dedicados à atividade tradicional de emprestar dinheiro, ou se bancos de investimentos, que assessoram empresas e investidores em suas interações com o mercado de capitais.

Apesar de forte no crédito, o BTG Pactual destaca-se pelas atividades clássicas de bancos de investimentos, como estruturar aberturas de capital e fusões e aquisições, além da tradicional gestão de recursos de terceiros. Nos últimos anos, o banco buscou diversificar essas atividades e passar a investir diretamente recursos próprios e de terceiros. No entanto, em 2017 a instituição financeira realizou um profundo processo de ajuste e voltou a focar em suas competências essenciais, o que garantiu um desempenho acima da média e a premiação na edição 2018 de AS MELHORES DA DINHEIRO.

Roberto Sallouti / Empresa: BTG Pactual / Cargo: CEO / Principal realização da gestão: ampliar os resultados nas áreas de banco de investimentos e de gestão de recursos (Crédito:Divulgação)

O que mudou ao longo de 2018? “Nada”, diz Sallouti. “Mantemos a mesma estratégia, que provou ser bem-sucedida e está sendo aprofundada.” Segundo ele, o plano segue o mesmo, com foco na satisfação do cliente. “Temos de manter a disciplina que nos trouxe até aqui, não tirar os olhos da bola.” Apesar de 2018 ter sido um ano tenebroso para o mercado, com a greve dos caminhoneiros e a turbulenta eleição presidencial obrigando os especialistas a retificar os prognósticos de crescimento, o BTG Pactual conseguiu manter seus resultados relativamente incólumes. A receita no ano passado foi de R$ 5,3 bilhões, uma retração de apenas 3,1% em relação a 2017. Os lucros recuaram 7,1%, para R$ 2,74 bilhões. No entanto, apesar da retração na última linha do balanço, a rentabilidade patrimonial foi preservada em saudáveis 18,8%.

Dentre as principais linhas de negócio, a gestão de recursos mostrou bons resultados. No fim de 2018, considerando tanto fundos brasileiros quanto internacionais, o total de ativos sob administração havia crescido para R$ 207 bilhões, uma alta de 43,2% em relação aos R$ 145 bilhões do fim de 2017. Esse desempenho praticamente superou a alta de 25% no ano anterior. Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), entidade que representa o setor, o BTG Pactual é o maior dos gestores independentes, perdendo apenas para os cinco grandes bancos de varejo. Pelas contas da Anbima, que consideram dados diferentes dos informados pelo banco, em agosto de 2019 o BTG Pactual geria R$ 108 bilhões em ativos, ou 2,1% do total, participação levemente superior à da premiação de 2018.

Parte desse crescimento deve-se ao sucesso no varejo e ao uso intensivo da tecnologia. Em 2016, o banco lançou o BTG Pactual Digital, uma plataforma on-line de distribuição de produtos para o investidor de varejo. “Agora podemos atender um cliente que antes só tinha acesso aos nossos produtos por meio de plataformas de distribuição de terceiros”, diz Sallouti. “Agora, o pequeno investidor tem acesso aos nossos produtos destinados à gestão de fortunas.”

Segundo ele, o cenário econômico indica que, com grandes probabilidades, os juros deverão continuar caindo. E, nesse ambiente, ainda há espaço para valorização nas ações. Qual a estratégia? “O investidor que tiver apetite para risco deve aproveitar eventuais momentos de volatilidade no mercado internacional como ponto de compra, e não se assustar com sustos posteriores”, diz ele. “Quem fizer isso terá a probabilidade de ganhar bastante dinheiro.”