A guerra fiscal transformou vários municípios espalhados pelo Brasil em pólos industriais. A receita é a mesma: incentivos tributários, mão-de-obra qualificada e barata e até concessão de terrenos. Extrema, uma pequena cidade de Minas Gerais, porém, é nos últimos tempos a favorita das empresas que buscam vantagens. Mas, afinal, o que é que ela tem? Com cerca de 20 mil habitantes, oferece mais do que a tradicional hospitalidade mineira. Além da proximidade com São Paulo, está encravada num vale cercado por montanhas. ?Mais do que incentivo fiscal, as empresas querem qualidade de vida para os funcionários?, defende o prefeito Luiz Carlos Bergamin. ?Qualquer um produz mais se vive melhor.?

Ao todo, já são cerca de 40 empresas, entre médias e grandes, que se instalaram nos últimos quatro anos. Multinacionais como Hutchinson (fornecedora de borracha para carros), Yanes (produtora de extintores e barracas) e Rexam (fabricante de latas de alumínio) compõem a lista. Quem também elegeu a cidade foi a Bauducco, fabricante de bolos e biscoitos, que desde dezembro opera por lá com a maior e mais moderna unidade de produção do grupo. Foram R$ 38 milhões para erguer a fábrica que mais gera empregos no local. São quase 400 pessoas. Na escolha, pesou a facilidade com a logística. Extrema está a 100 quilômetros de São Paulo, a 160 do Porto de Santos e a 90 da Anhangüera (principal rodovia do interior paulista).

O mercado consumidor mineiro também foi decisivo. Como Minas Gerais é o Estado que mais consome biscoitos, grande parte da produção tem destino certo. Segundo Roberto Holzheim, diretor de marketing da companhia, contou ainda a qualificação da mão-de-obra. ?Por causa da boa formação, as pessoas se empenham para crescer?, afirma. Todo esse movimento refletiu nos cofres da Prefeitura. Desde 1997 a arrecadação de impostos municipais passou de R$ 350 mil por mês para R$ 1,1 milhão. O desembarque das empresas coloca a cidade numa posição invejável. A taxa de desemprego gira em torno de 5% da população, bem inferior aos mais de 15% de capitais como São Paulo e Salvador.