Quem acompanhou os IPOs recentes de empresas do agronegócio, como a Boa Safra Sementes e, mais recentemente, a Raízen, percebeu que a participação dos investidores de varejo foi muito representativa. Há um interesse genuíno do mercado de capitais pelo agro, que vive um momento de pujança. E as startups do setor também perceberam esse interesse e vem explorando um modelo de captação que vem se popularizando: o equity crowdfunding.

Como o nome já indica, é uma versão do financiamento coletivo adotado por plataformas como o brasileiro Catarse e o americano Kickstarter. Nesses sites é comum encontrar projetos como filmes, livros, discos musicais e histórias em quadrinhos, além de gadgets eletrônicos e invenções variadas. No caso do equity crowdfunding, os investidores de varejo se unem para comprar cotas da empresa em troca de ações futuras.

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O caso mais recente é o da LeveAgro, agtech que atua na compra e venda de fertilizantes. Com pouco mais de um ano de vida, a empresa quer captar R$ 10 milhões. Desse total, R$ 2,5 milhões foram oferecidos aos investidores de varejo via crowdfunding – e a campanha continua aberta. Outros R$ 7,5 milhões serão ofertados a investidores institucionais. Com os recursos, a startup quer acelerar seu crescimento e projeta faturar R$ 200 milhões nos próximos 12 meses. 

Mas a LeveAgro não é a única. Em junho foi a vez da Flowins, uma plataforma voltada para a cafeicultura que inclui soluções como a gestão de fazendas, análise de qualidade do grão e rastreabilidade, entre outras. A startup projetava captar R$ 500 mil em 30 dias na SMU Investimentos, mas conseguiu bater a meta em apenas quatro. 

Antes, em março, a Pink Farms, que desenvolveu a maior fazenda vertical urbana da América Latina, também recorreu à mesma plataforma de equity crowdfunding. E conseguiu captar R$ 4,8 milhões, valor 20% acima da meta original. Com os recursos, a agtech vai aumentar a capacidade produtiva, expandir o time e investir em outras culturas, como cogumelos e morangos.

Mais do que os investimentos feitos na bolsa de valores, o equity crowdfunding oferece uma relação diferente, mais próxima, com a empresa. Além de democratizar os investimentos, permite um engajamento maior com a proposta de valor oferecida pela startup. No agro, em que às vezes clientes e investidores se misturam, a ferramenta encontrou um campo fértil.