O convidado do novo episódio do MoneyPlay Podcast, programa voltado para o mundo das finanças e apresentado pelo educador financeiro Fabrício Duarte, é André Bona, com mais de 12 anos de experiência no mercado financeiro.

Formado em Turismo, com MBA em Gestão Empresarial, hoje Bona é professor de pós-graduação em finanças e autor do livro “O investimento perfeito”, voltado para quem quer entrar no mercado financeiro. No programa, ele fala sobre como entrou no mundo das finanças, as dificuldades das pessoas em lidar com dinheiro e qual o melhor investimento.

>>> Assista aqui o vídeo na íntegra.

André Bona não teve grandes ensinamentos formais sobre dinheiro em casa. Mas a família sempre foi regrada. “Aprendi pela média”, diz. Quando ainda era estudante, era inconsequente como qualquer jovem. “Fiz tudo o que um ser humano normal faz: detonei cartão, cheque especial. A gente aprende com uma certa dor.”

De aprendiz a professor

Em 2008, Bona vendeu sua parte em uma empresa de telecomunicações e, com uma quantia maior de dinheiro em caixa, decidiu aprender sobre a bolsa de valores para não ter que recorrer ao gerente do banco. O mercado financeiro trouxe uma nova paixão que lhe rendeu uma nova profissão. 

Ele gostou tanto do tema que fez uma transição de carreira: tirou a certificação de agente autônomo para atender a investidores. O contato com os clientes levou a uma segunda paixão: a educação financeira, que inicialmente tocava como atividade paralela. “Você percebe os comportamentos, como se sentem, o que os incomoda.”

Em 2010, criou um blog onde explicava todas as dúvidas dos clientes. Também acompanhava a transformação do mercado – corretoras viraram plataformas e bancos de investimento também criaram suas plataformas – e desenvolvia métodos de alocação.

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Investidor brasileiro

O educador diz que falta conhecimento técnico à maioria das pessoas, como noções de orçamento, fluxo de caixa, receita versus despesas, mas também uma visão de longo prazo. “A pessoa faz um crédito, resolve seu problema pontual, mas vai ter dificuldades por cinco, 10, 20 anos”, afirma. “Vai trabalhar para pagar juros e impostos.”

Outra deficiência do investidor brasileiro é o comportamento. “Quando falamos de finanças e investimentos, autoconhecimento é importante para você saber o que quer de verdade e não ficar respondendo a impulsos externos”, orienta. “O dinheiro tem valor porque é um meio de troca, mas ter por ter é meio sem sentido.”

Bona dá o exemplo do cliente que ele chamava de “o milionário pobre”, um senhor que tinha R$ 20 milhões em patrimônio, mas tudo em imóveis. Como alguns inquilinos haviam cancelado os contratos, ele ficou sem fluxo de caixa e estava passando por dificuldade financeira.

“Ele não entendia como isso era possível, pois viveu assim a vida inteira”, conta. Bona o ajudou a fazer um ajuste de patrimônio, então o cliente vendeu um imóvel, perdeu um pouco de dinheiro, mas sua situação melhorou. “O tamanho do patrimônio não é suficiente para tranquilidade financeira. É preciso ter liquidez, planejamento.”

Como investir?

Se engana quem acha que só pessoas de baixa renda têm dificuldades para guardar dinheiro para investir. Bona conta que já conheceu gente com pouca renda que consegue poupar e quem ganha R$ 30 mil por mês mas está cheio de dívidas. 

Convidado para dar uma palestra a 40 pessoas com renda acima de R$ 35 mil, ele foi surpreendido quando perguntou se a plateia gostaria de saber informações sobre a bolsa de valores. “Eles queriam mesmo era falar de finanças pessoais.”

Para o educador, se a pessoa tiver um comportamento adequado, poderá até investir mal, mas vai conseguir o que precisa. O grande desafio é a escolha e ela tem a ver com alocação, planejamento, não tanto com o produto em si. “Investimento é como remédio, cada um tem uma serventia. Se você sabe o que precisa, você sabe qual pode te atender.”

Quando questionado sobre o título do seu livro “O investimento perfeito”, ele é direto: não existe. “Sempre vai ter aquele investimento – ou um conjunto deles – que vai atender o seu objetivo.”

E para quem pensa em largar tudo e viver apenas como trader (quem faz transações de compra e venda de ativos na bolsa no curto prazo), Bona é taxativo: é preciso se dedicar ao seu trabalho, não ao mercado financeiro. “Bolsa é para você ‘guardar’ o dinheiro que você já ganhou”, afirma. “Às vezes, as pessoas são seduzidas para virar trader, mas o caminho não se mostra vencedor na grande maioria dos casos.”

Confira aqui todos os episódios do programa.