Durante 27 anos, suas mãos seguraram as grades de uma cela. Essas mesmas mãos levantaram o Prêmio Nobel da Paz, cumprimentaram estadistas de todo o planeta, assinaram documentos que mudaram para sempre a história do povo africano e foram reproduzidas, em tamanho real, em peças de ouro, que acabam de ser leiloadas por US$ 10,4 milhões (cerca de R$ 54 milhões). Morto em dezembro de 2013, Nelson Mandela é considerado um dos maiores líderes negros de todos os tempos e principal responsável pelo fim do regime de segregação racial da África do Sul, o Apartheid. Daí, o valor tão alto das esculturas que reproduzem suas mãos, a partir de moldes retirados quando o primeiro presidente eleito da África do Sul ainda era vivo.

Leiloado pela tradicional casa Guernsey, de Nova York, o conjunto é formado por quatro peças em ouro maciço. As esculturas chegam a pesar até 4 kg cada e foram produzidas com tanta perfeição que é possível ver as impressões digitais do líder africano e as cicatrizes que suas mãos ganharam durante as quase três décadas de cativeiro na Ilha Robben. A coleção inclui dois punhos, uma palma da mão aberta e um molde no qual o próprio Mandela apoiou sua mão direita. Além disso, todas as peças têm a assinatura do defensor mundial dos Direitos Humanos na parte inferior. Produzidas em 2002, para arrecadar verba para o Fundo para Crianças Nelson Mandela, as mãos de ouro foram arrematadas por um comprador que exigiu anonimato por parte da Guernsey. O que se sabe é que, em alguma mansão do mundo, as mãos do homem que marcou seu nome na História da humanidade continuam brilhando. Em tom de ouro.

(Nota publicada na edição 1167 da Revista Dinheiro)