Ouça um resumo da reportagem sobre as lições dos bilionários brasileiros 

Por mais que analistas, consultores e especialistas no mercado financeiro deem dicas pertinentes de investimentos, ninguém pode falar sobre dinheiro com a autoridade de um bilionário. Esse sujeito tem a seu favor a vantagem de ter conquistado aquilo que a maioria dos homens de negócios deseja, enquanto os simples mortais em geral não conseguem transformar o discurso em realidade.

O conforto do sucesso também permite aos bilionários expor o que pensam sem a preocupação de agradar ou incomodar ninguém, já que eles próprios são a referência na área em que atuam. Melhor ainda: esse seleto grupo não está contaminado por interesses de terceiros, como bancos e corretoras.
 

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“No setor imobiliário, casas e apartamentos são mais rentáveis que escritórios e áreas comerciais ”
José Paim de Andrade Júnior, dono da MaxCap

DINHEIRO entrevistou quatro empresários e investidores que construíram suas próprias fortunas e que somam quantias que chegam a algumas centenas de milhões de reais. Alguns deles são de fato bilionários na chamada pessoa física, enquanto outros controlam grupos com patrimônios avaliados na casa do bilhão. Todos apresentaram algumas lições valiosas para aqueles que sonham seguir o mesmo caminho ? o da fortuna.

Investidor mais conhecido do País, Lírio Parisotto diz que possui um patrimônio avaliado em pouco mais de R$ 2 bilhões aplicados no fundo de investimentos Geração L. Par FIA. Em 2010, a rentabilidade de seus investimentos já está em 10%. Trata-se de uma senhora marca: é o dobro do que rendeu o Ibovespa no mesmo período.

Parisotto, que já foi agricultor, seminarista, bancário, médico, comerciante e industrial hoje ocupa um assento no conselho de administração da Videolar, empresa que ele vendeu em 2006. Ele segue um dos mandamentos de Warren Buffett, talvez o investidor mais bem-sucedido da história: dá preferência para os grupos sólidos, que funcionam como uma espécie de âncora dos setores em que atuam.
 

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“Invisto em empresas conhecidas e líderes de seus ramos.

Todo ano procuro uma ação nova” Lírio Parisotto, investidor 

Entre seus preferidos, estão Usiminas, Banco do Brasil, Eletrobrás e CSN, corporações que figuram entre as líderes de seus ramos de atividade. ?Além disso, todo ano também procuro uma ação nova?, diz Parisotto, que investe no mercado de ações desde 1971. ?Em 2010, ainda estou sem ideia de um novo investimento.?

Saber escolher o melhor momento para a tomada de decisão também faz parte do perfil dos bilionários. Há dois anos, a estratégia de Guilherme Affonso Ferreira, dono de 53% das ações da Bahema Participações, foi aplicar em empresas focadas no mercado brasileiro. Havia um motivo para isso. Ferreira vislumbrava um cenário internacional cada vez mais nebuloso, o que de fato viria a acontecer. Portanto, era mais seguro focar em quem tivesse negócios concentrados dentro do País.
 

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“O segredo é ter ousadia para acreditar em investimentos que podem demorar para acontecer”

Guilherme Affonso Ferreira, sócio majoritário da Bahema Participações

Ele apostou no Pão de Açúcar e se deu bem, principalmente diante da política de aquisições agressivas (Ponto Frio e Casas Bahia foram incorporados por Abilio Diniz) que acabou por turbinar as suas ações. Hoje, com  patrimônio  avaliado em R$ 1,5 bilhão, a Bahema possui assentos em conselhos de administração de diversas companhias de seu portfólio, como Duratex, Cremer e Bematech.

 

A carteira do investidor também é formada por ações da SulAmérica, ItaúUnibanco e Usiminas. ?Não é que eu vejo coisas que ninguém mais vê?, diz Ferreira. ?O segredo é ter a ousadia de acreditar em coisas que podem demorar mais para acontecer.?

Sua estratégia está alinhada com dois conselhos básicos que analistas e consultores não cansam de repetir. Além de investir em longo prazo, é primordial pensar como sócio da empresa em que a pessoa deposita o seu dinheiro. Dono do grupo J.Malucelli, Joel Malucelli coloca um terceiro elemento no caminho do sucesso: a diversificação. Ele começou sua vida empresarial aos 19 anos, quando comprou um trator para alugar para fazendeiros.
 

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“Uma boa oportunidade é trazer produtos da China, de sandálias a pneus e equipamentos “

Joel Malucelli, fundador e presidente do grupo J. Malucelli

 Hoje, o grupo de sua propriedade está avaliado em R$ 1,5 bilhão e é formado por um banco, seguradora, construtora, resseguradora, empresas de comunicação e até um time de futebol, o Corinthians Paranaense. ?Eu sempre diversifiquei muito?, diz. ?Mesmo sem sinergia entre os negócios e ações que adquiria, sabia que mais tarde seria importante contar com essa variedade.? Malucelli dá uma dica curiosa. “Uma boa oportunidade é trazer produtos chineses para o Brasil, de sandálias Crocs até pneus,  máquinas e equipamentos.”
 

O empreendedorismo é outra característica marcante dos bilionários. No ramo de construção civil desde os anos 80, quando ajudou a fundar a construtora Rossi Residencial, José Paim de Andrade Júnior é dono hoje da MaxCap, que realiza empreendimentos imobiliários para grandes investidores. Para ele, o setor de habitação vai crescer a taxas chinesas nesta década.

?Na área imobiliária,  casas e apartamentos devem ser mais rentáveis?, afirma. ?Já escritórios e áreas comerciais não terão um desempenho tão satisfatório.?  O patrimônio somado de todos os empreendimentos que ele controla chega, segundo suas próprias estimativas, a US$ 500 milhões. ?As pessoas devem ter planos e fazer de tudo para alcançá-los?, filosofa. É uma lição simples, mas que tem ajudado a ele ? e a outros iluminados ? a ganhar dinheiro. Muito dinheiro.

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