A Copa do Mundo da Rússia levou apenas dois dias para dar seu primeiro aviso: ela veio para enlouquecer a ordem global do futebol, independentemente de medalhões, em um torneio onde Argentina empatou com a Islândia, ou a campeã Alemanha caiu na estreia contra o México.

Essa foi a primeira Copa da história que não teve lugar nas semifinais para Brasil, Argentina, ou Alemanha, embora esses três não tenham sido as únicas vítimas.

1. Pesadelo de Neymar

Ele pousou na Rússia na disputa pela Bola de Ouro, mas se tornou em uma piada global. Neymar apostava tudo nesta Copa, à qual chegou saindo de uma lesão, mas decidido a se garantir como sucessor natural de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. Mas nada saiu como ele esperava. O “menino” caiu aos prantos depois da partida contra a Costa Rica, foi caçado por seus rivais e viu suas exageradas quedas virarem piada no mundo todo. Com a seleção derrotada nas quartas de final e apenas dois gols marcados, ele afirmou que esse era “o momento mais triste” de sua carreira.

2. Messi, tchau

A Copa também não foi melhor para Lionel Messi, que chegou novamente carregando o país nas costas, após três finais perdidas. O ganhador de cinco Bolas de Ouro sabia que não seria fácil resgatar a imagem da seleção às pressas, mas a situação ficou ainda pior depois de perder um pênalti contra a Islândia (1-1). Depois, viria a goleada da Croácia (3-0) e a classificação no laço contra a Nigéria (201), onde marcou seu único gol, antes de serem eliminados pela França.

Seu gestual tenso no hino antes da segunda partida antecipava o pior: Argentina e Messi não demorariam a ir embora da Copa mais decepcionados que nunca. Horas depois, iria também Portugal, mas Cristiano pelo menos marcou quatro gols.

3. Aposta alemã frustrada

A Alemanha chegou à Copa como atual campeã e referência de estabilidade e de trabalho bem feito. Era uma loucura não apostar na Mannschaft nesta Copa, que se apresentava como a mistura perfeita entre veteranos e jovens com o objetivo de igualar o Brasil como pentacampeão mundial. Tudo veio abaixo na primeira partida, quando o México derrubou os alemães (1-0) no mesmo estádio onde muitos acreditavam vê-los um mês depois na final. E, apesar da vitória épica ante a Suécia (2-1), o inacreditável acabaria acontecendo: a campeã caiu para a Coreia do Sul (2-0) e voltou arrasada para casa, arruinando as apostas de meio mundo.

4. Novela espanhola

Se havia algum prognóstico de pé depois da imprevisível primeira fase, ele definitivamente veio abaixo nas oitavas. A talentosa Espanha de Iniesta, Isco, Ramo e Silva tropeçou frente à Rússia nos pênaltis nas oitavas. Embora o time espanhol tenha chegado envolvido em uma novela, com a repentina demissão de Julen Lopetegui a dois dias no início, parecia impossível que a campeã do Mundo em 2010, dona de um dos estilos de jogo mais respeitados do planeta, não fosse capaz de superar a seleção com o pior ranking do torneio. Mas seus mais de 1.000 passes não foram suficientes para sair viva de Moscou, e ela acabou voltando para casa, na despedida internacional de Iniesta, em meio a uma crise de identidade com lembranças preocupantes de um passado bem menos glorioso.

5. De portas abertas

Ele foi à Rússia como melhor goleiro da Premier League e desejado em clubes do mundo todo. Todos queriam o sólido David De Gea, capaz de destronar inclusive Iker Casillas das traves da “Roja” e reinar no Manchester United com 27 anos. Mas uma falha no amistoso contra a Suíça mudou seu caminho em um Mundial, para o qual a Espanha tinha grandes planos. Ele voltou a falhar contra Portugal na estreia e foi uma sombra nos pênaltis contra a Rússia, embora De Gea sempre tenha contado com o apoio de Fernando Hierro. O argentino Willy Caballero não teve tanta sorte: seu grave erro no primeiro gol da Croácia acabou custando seu posto. Fernando Muslera também foi vítima desta maldição, após escorregar no chute de Griezmann no 2-0 da França nas quartas, no fim do sonho da Celeste.